A atriz Letícia Colin, mãe de Uri, de oito meses, falou sobre como encara a romantização da maternidade em entrevista ao jornal O Globo publicada neste terça-feira (7). Para ela, ouvir o que outras mães têm a dizer ajudou a encarar a realidade.
— Leio e sigo mulheres reais contemporâneas que falam sobre o tema. Fui me aproximando do discurso mais corajoso de falar a verdade sobre esse período, atravessada pelos hormônios — disse ela.
Letícia ficou preocupada em ter depressão pós-parto, mas a participação ativa do marido, o ator Michel Melamed, após o nascimento do filho, foi fundamental para que o quadro não se desenvolvesse.
— Imaginava que poderia cair em depressão pós-parto, já que tive depressão. Fui me precavendo. Acabou que foi suave, fui amparada pelo Michel. Nosso relacionamento é um encontro profundo e feliz, que me dá estrutura e ferramentas. Tive dificuldade de amamentação, é dolorido, cansativo. Mas na semana em que voltei para casa após o parto normal, voltei para a análise e falei sobre isso — contou ela.
Ainda sobre escutar o que mulheres falam sobre maternidade, Letícia cita Fernanda Lima como uma das pessoas que a ajudaram neste período.
— Fernanda Lima mudou minha vida, me escrevia sobre o choque inicial das primeiras semanas, sobre a privação do sono que desnorteia. Escutei palavras de pessoas na hora certa que me fizeram chorar, viver intensamente as emoções e me aliviar. Para ser luminoso tem que aceitar as sombras. A rede feminina de troca de informação ajuda demais, graças a essas mulheres que vieram antes — refletiu ela.
Na mesma entrevista, Letícia falou ainda sobre como sua experiência com depressão a ajudou a interpretar Amanda, uma médica dependente de crack na série ainda inédita Onde Está Meu Coração.
— Ter convivido com a depressão me fez olhar com mais compaixão, pelo lugar da dor. Você se sente fora do ciclo da vida de quem sente prazer e é leve. (...) Estamos muito afetados pelo mundo contemporâneo, pelo excesso de informação. A gente tem que debater nossas doenças, nossos pontos fracos. É uma grande escola, uma maneira de eu pode lidar com meu passado e minhas dores, ter certeza de que viajo por esse sentimento de uma maneira menos hipócrita.
Por fim, a atriz também explicou como se desvincilha da tão famosa culpa materna.
— Quando fiquei grávida, fiz o pacto de ser uma mãe que avançaria no sentido de abandonar estruturas antigas de quem está sujeita a aprovações. Se piscar, você entra num modo contínuo antigo, se compara, vai se diminuindo ou se cobrando uma produtividade que não existe — concluiu.