Ela cresceu em frente às câmeras. Mas, para Isabelle Drummond, estar na TV desde pequena nunca foi sinônimo de superexposição. Nos sites de celebridades, não é nada comum ver o nome da jovem atriz de 24 anos nas baladas da vida ou em compromissos sociais. Foto de biquíni na praia? Não é o que se vê nos posts de seu Instagram, em que costuma compartilhar registros de trabalho e alguns (raros) momentos de tranquilidade em meio à natureza. Vez ou outra, dá tempo para se dedicar a paixões como a dança e a fotografia. Sempre na dela.
– Tenho como essência mesmo ser reservada. Mas vivo uma vida muito real, vou ao mercado, ando de bike. Não me escondo – garante, em entrevista a Donna.
Talvez por conta de sua personalidade discreta, muita gente não saiba que o talento e os interesses da garota de Niterói vão bem além da atuação. Entre uma gravação e outra, a protagonista da nova novela das sete, Verão 90, encontra tempo para se desdobrar em outras facetas: como empreendedora e líder de uma ONG. Foi justamente por conta de sua atuação social que ela foi escolhida para figurar na lista da Forbes que elenca os 10 brasileiros com menos de 30 anos de destaque em áreas que vão do esporte e da web ao terceiro setor. Na publicação, Isabelle é descrita como uma “jovem empresária altamente engajada em causas sociais”. Para ela, fundadora da ONG Casa 197, que desenvolve diferentes ações sociocomunitárias, o reconhecimento veio atrelado ao compromisso de fazer mais e melhor.
– É uma responsabilidade, sim, mas, ao mesmo tempo, isso me motiva a buscar ainda mais mudanças para o mundo em que vivemos. Amo ajudar, fazer parte da transformação que buscamos – conta.
Em uma das brechas da atribulada rotina de gravações do Projac, Isabelle respondeu às perguntas de Donna e revela (algumas de) suas facetas no papo a seguir.
* Colaborou Nathália Carapeços
A garota da vez
Longe da TV desde que viveu a romântica e forte Anna Millman de Novo Mundo (2017), Isabelle Drummond volta às novelas com sua segunda protagonista consecutiva. Agora, vive a espevitada Manuzita em Verão 90, folhetim das sete que estreou no final de janeiro e já conquistou fãs por conta da temática nostálgica da década. Na trama, ela vive uma aspirante a celebridade que fez sucesso no final da década de 1980 no comando de um programa infantil. Na época em que a novela se passa, a garota faz de tudo para recuperar a fama e alcançar um lugar no concorrido mundo da TV.
– A Manuzita me tira muito da minha zona de conforto. É um desafio para mim, por conta da complexidade dessa história, que, apesar de ter humor, fala de uma infância diferente das outras. Ela cresce carregando esse passado de estrela. E rala muito sem ser boa atriz, levando muitos “nãos” – diz.
A falta de talento de Manuzita e a dupla infalível com a mãe, Lidiane (vivida por Claudia Raia), que acredita piamente na suposta aura artística da filha, tem rendido ótimas críticas. Uma das vozes mais respeitadas no assunto no país, Patrícia Kogut reservou uma de suas disputadas notas 10 para a mocinha do momento. “Ela tem estrela e está divertidíssima no papel de uma atriz sem talento”, escreveu a jornalista.
Para além do desafio de viver mais uma protagonista, Isabelle comemora também a oportunidade de fazer rir.
– O humor é algo muito desafiador para mim, eu que venho de uma carreira muito na atuação dramática – conta ela.
Nas redes sociais, Isabelle atribui a Jorge Fernando, diretor artístico da trama, o novo desafio de encarnar uma personagem cômica. “Obrigada por me mostrar que eu precisava sair da caixa com essa comédia incrível”, agradeceu.
Mas essa não é a primeira vez em que Isabelle encara o humor na TV. Quem não lembra da novela Cheias de Charme (2012)? Um dos maiores sucessos da faixa das sete na TV Globo, o folhetim arrebatou o público com a vida (e os shows!) das empreguetes Maria Aparecida, Maria da Penha (Taís Araujo) e Maria do Rosário (Leandra Leal). Na trajetória da atriz, impossível não recordar também do papel que a tornou conhecida do grande público: a fofíssima e espevitada boneca Emília do Sítio do Picapau Amarelo, na versão que foi ao ar de 2001 a 2006. Foi com a “torneirinha de asneiras” da bonequinha de pano que a garota caiu nas graças dos telespectadores – e não para de conquistar novos fãs.
Empreendedora e engajada
Isabelle Drummond é sócia de uma empresa especializada em alimentação natural e também é líder de uma ONG. O que as duas coisas têm em comum? A Levê Pocket, que oferece opções saudáveis de menu, foi criada pela atriz em parceria com uma amiga justamente para ajudar a subsidiar as ações do projeto social que fundou. Parte dos lucros da empreitada gastronômica – que comercializa opções de pratos com viés sustentável, já que tudo chega à mesa dos clientes em potes de vidro e com talheres biodegradáveis – é destinada às causas sociais em que Isabelle atua.
Tudo começou em 2017, quando fundou a Casa 197. Na ONG, a atriz e um grupo de amigos coordenam ações sociocomunitárias diversas – que vão desde distribuições de refeições a pessoas em situação de rua ao apoio a projetos como a Casa dos Artistas e a uma entidade que acolhe crianças. A ideia nunca foi expor o projeto por conta de sua fundadora famosa – até para proteger quem era acolhido e auxiliado no processo. Até que um dia, a foto de uma das ações vazou na imprensa. E Isabelle percebeu que, na verdade, talvez fosse uma boa ideia aproveitar sua influência para angariar ainda mais forças para as iniciativas que o time coordena.
– A justiça social é o nosso foco. Amar, cuidar, transformar e, como consequência, ser transformados. Somos um grupo que não tem preguiça, e todo mundo põe a mão na massa – conta.
Vez ou outra, Isabelle compartilha em seu Instagram alguns registros das ações da Casa 197. Como, por exemplo, a vez em que ela e os amigos levaram tintas, pincéis e a maleta de ferramentas para Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. O objetivo era um só: ajudar a reconstruir a casa de uma família que foi queimada em um incêndio. Da função do dia, a preferida da atriz foi pintar de lilás o quarto da garotinha Keke, com quem aparece na imagem que ilustra esta página.
Com a Levê Pocket, mais uma vez, Isabelle faz questão de deixar um pouquinho de si para quem aderiu à alimentação natural. Ela já foi vegana – “Não sou mais completamente hoje”, revelou no nosso papo –, estilo de vida que adotou justamente por seu respeito aos animais. Tanto que foi convidada a ser embaixadora da ONG internacional Animal Equality. E incentiva a diminuição do consumo de carne com o menu natureba de sua empresa. Tudo está interligado.
– Ser vegana veio do desejo de trazer justiça para a causa animal. Vejo tanta coisa absurda, tanto com animais quanto com pessoas. Para mim, justiça social é uma causa só, como um corpo. Onde cada parte precisa de um tratamento e um tipo de especialização para tudo funcionar bem junto – explica.
E para o futuro da Casa 197? Entre as ideias, estão implantar um lar de acolhimento para idosos abandonados e um projeto vinculado às artes. O foco profissional está na novela, mas Isabelle não abre mão de se manter sempre ativa e atuante, em todas as áreas de sua vida.
– Estou cheia de projetos para o futuro. Quero fazer projetos artísticos com a ONG, quero fazer cinema. Tudo é uma questão de tempo para acontecer. Eu não paro!