Ele tem 38 anos, nasceu em São Paulo e é jornalista de corpo e alma. Allex Colontonio, além de colunista do Casa&Cia, é multifacetado na produção de conteúdo, atuando nacionalmente em diversas plataformas. Considerado um dos melhores editores especializados em arquitetura e design do país, leva no currículo motivos de orgulho. Mas a novidade maior, o nascimento da GIZ, plataforma desenhada por ele para revolucionar o mercado editorial, está chegando em agosto. Em um bate-papo, Colontonio conta o que vem por aí.
Como você começou? Sempre trabalhou no ramo editorial?
Comecei há quase 20 anos, na Carta Editorial, uma das principais editoras do segmento no Brasil, quando ainda era estudante de jornalismo. Entrei assistente de redação da Casa Vogue e, 10 anos depois, saí de lá como editor-chefe, mas substituindo Clarissa Schneider, a diretora de redação. Fui dirigir outra publicação de luxo: a Wish Report. Percebi que havia uma lacuna no mercado editorial, que clamava por uma publicação especializada que não fosse superficial e descartável. Então idealizei o projeto da Wish Casa, até aquele momento a publicação mais festejada do circuito. Depois dessa experiência, materializada pelo Tyler Brûlé (criador das revistas Wallpaper e M onocle), aceitei o convite para reposicionar a revista KAZA – então um produto obsoleto no mercado, mas com um potencial imenso, dada a história de seus publishers, Ronaldo Ferreira Gomes e Ronaldo Filho, duas figuras importantes no mercado. Missão cumprida, agora parto para a GIZ, um projeto ainda maior (e mais panorâmico) do que a finada Wish Casa, onde costumo brincar que eles não sobreviveram à minha saída (risos).
Como surgiu a ideia de lançar a GIZ?
Não dá pra fugir do clichê: GIZ é um sonho que deu certo. Trata-se de um portal on-line com notícias quentes e diárias, revista impressa com periodicidade quase trimestral e conteúdo totalmente sob medida, com operação em uma sede projetada por ninguém menos que Vilanova Artigas, um dos arquitetos mais importantes da nossa história. Com tecnologia e explorando o potencial da web, a GIZ celebra valores como a memória afetiva, o conhecimento, o gesto manual.
Qual o principal desafio de uma revista impressa em tempos onde a internet ganhou proporções tão grandes?
Existe a mensagem e existe o meio. Por vezes, o meio que você escolhe é a mensagem. Isso não é uma coisa que inventei: é um dos fundamentos criados pelo pensador canadense Marshall McLuhan – que criou também a teoria da "aldeia global", que falava, ainda nos anos 1960, sobre um mundo onde todos estaríamos conectados. Esse mundo existe e estamos vivendo nele. Uma revista, para ser impressa, precisa justificar todos os processos gráficos – que são impactantes. Por isso, não acreditamos em revistas descartáveis. Uma revista impressa, hoje, precisa ser uma experiência e oferecer mais do que chamadas vendedoras na capa ou prometer soluções para todos os seus problemas.
Quais as apostas para o futuro na GIZ?
O futuro já chegou por aqui e encontra-se nos gestos mais humanizados: o nome GIZ, por exemplo, foi escolhido depois de noites em claro. Não surgiu de uma agência em uma reunião de brainstorm. Queríamos um nome que traduzisse nosso lado humanista, nossa vontade de compartilhar conhecimento, nosso savoir faire manual, que aprimoramos ao longo de décadas fazendo revistas, livros e sites. Apostamos em um futuro mais customizado e no qual o fator humano seja visto como uma soma, e não uma subtração.
O que você mudaria nas revistas?
A qualidade da impressão, o cuidado com a experiência orgânica da leitura, a profundidade do conteúdo. Como falei, estamos vivendo outro panorama cultural, onde a informação é consumida por meio de canais jamais explorados antes. As revistas que não se adaptarem a essa nova realidade serão, gradativamente, substituídas por outras.
Qual seria a matéria dos sonhos para publicar em sua revista?
Consegui materializar muitos sonhos em forma de reportagens. Já fiz as matérias e as capas mais malucas, inclusive com você. Entrevistei de Oscar Niemeyer a Paulo Mendes da Rocha, de Maria Bethânia a Dionne Warwick. Mas enxergo a GIZ como um next level. Realmente eu e minha equipe, capitaneada por André Rodrigues, e com a energia da minha sócia Talita de Nardo Missaglia, estamos trabalhando com "matérias dos sonhos".
Qual fato de sua carreira do qual você mais se orgulha?
Ter inventado um produto do zero que rapidamente se posicionou como o melhor do seu mercado em décadas (a Wish Casa) e ter reposicionado uma revista C para uma das revistas mais queridas e populares do Brasil (a Kaza) são os meus melhores cases. Mas o fato de criar uma nova plataforma como a GIZ, com a estrutura, o carinho e a paixão com os quais sempre sonhei são, de fato, um dos maiores orgulhos da minha carreira. Torcendo muito para dar certo!