Diretores de empresas, cineastas, fotógrafos, senadores, deputados, médicos, dentistas, advogados, jornalistas, professores, treinadores, executivos em geral: posso imaginar alguns deles colocando a cabeça no travesseiro à noite e se perguntando quais as chances de, na manhã seguinte, serem despertados por uma denúncia de assédio que porventura tenham cometido anos atrás. Rastreando a memória, talvez eles encontrem cenas esparsas de um carinho mal-intencionado numa estagiária, de uma proposta constrangedora a uma funcionária recém-contratada, de uma apalpada indevida numa paciente imobilizada, enfim, alguma situação de abuso de poder que tenha caído no esquecimento, mas quem garante? A mulherada lembra de tudo e resolveu soltar o verbo.
NADA É COMO ANTIGAMENTE
O adeus à mulher discreta
Foi assim que nos educaram: mulher fina é mulher calada. Graças a essa opressão travestida de etiqueta, guardamos traumas que nos infernizaram por anos
Martha Medeiros
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