Um dia o biliardário Elon Musk acordou querendo mudar alguma coisa na vida – tipo a gente quando acorda precisando trocar o tapete puído da sala ou o sofá marrom que lá atrás, quando tudo começou, foi branco – e decretou que o Twitter se chamaria X.
Ele comprou a rede por uma fortuna, tinha o direito de dar o nome que bem quisesse, até mesmo Cleusa ou Dilson. Escolheu X.
Com o novo nome, mudaram também as nomenclaturas das funções. Tweets viraram posts e retweets, reposts. Bem que em países de língua portuguesa ele poderia ter batizado de xiste, adaptação de chiste, o gracejo aquele que tantos de nós temos o vício de cometer (eu, por exemplo). Para réplicas, re-xistes. Da próxima vez me contrata, Elon.
O passarinho que por anos identificou a rede também teve sua aposentadoria decretada e foi substituído por algo não muito criativo, uma letra X. Daí eu pergunto: adiantou esse movimento todo?
Desde julho de 2023, quando o Elon teve o ataque de pelanca e mudou o nome, todos, em todo lugar, só se referem à rede como X, o antigo Twitter. No jornal, nos telejornais, em posts, onde for, é sempre assim: X, o antigo Twitter. Talvez porque, na nossa cultura, um X sozinho lembre mais a Xuxa que qualquer outro elemento. Vai saber.
Assim como o X, outras coisas tiveram seus nomes atualizados, mas continuaram sendo chamadas pela denominação antiga.
Minha mãe nunca andou de lotação, sempre andou de kombi, porque os mais provectos lembrarão que eram kombis os primeiros veículos a rodarem em Porto Alegre na modalidade lotação.
Teve o Lollo, aquela barrinha de chocolate fofa que todo mundo adorava nos anos 1980. Lá pelas tantas, a matriz suíça da Nestlé resolveu rebatizar o Lollo de Milkybar, nome do produto no resto do mundo. Não só ele continuou a ser chamado de Lollo, como acabou sumindo das prateleiras.
Quem um dia foi para a academia fazer ginástica demora a se acostumar com os nomes novos. Vou para a minha ginástica, eu dizia, chamando a atenção dos colegas para a minha idade avançada, eles que saíam do trabalho para treinar. Atualmente, enquanto eu vou para a aeróbica, o pessoal faz cardio.
Ainda há quem chame geladeira de frigidaire, e gente jovem, que nem pensava em nascer quando Frigidaire era a marca número 1 em refrigeradores. E quantos seguem falando patente, que nunca foi privada, mas que tem esse significado entre nós?
Enquanto isso, indiferentes ao nome que agora tenha, as pessoas continuam a se esculachar no antigo Twitter, o X. Mudar uma marca não necessariamente melhora os serviços e as coisas.
Estão aí as companhias de energia elétrica para comprovar.