Estive uma vez em Brumadinho, que era também o dormitório e o refeitório oficiais dos turistas a caminho do parque de Inhotim. Sem forçação de barra: na época, chamou atenção o quanto a cidade era bucólica, parada no tempo, crianças e bichos pelas ruas, cadeiras nas calçadas, portas abertas. Em cada quadra, negócios caseiros para alimentar os visitantes e vender lembranças típicas, doce de leite, pimenta ou uma cruz esculpida na pedra. Ficamos em uma pousada dessas em que várias pequenas cabanas se espalham por um terreno de grama bem cuidada e árvores enormes. Aproveitando a proximidade com Mariana e Bento Rodrigues, as duas cidades destruídas pelos dejetos criminosos da Samarco, tentamos fazer uma reportagem. Dois anos depois daquela primeira tragédia, nada havia acontecido. Quer dizer, algo havia sido feito: os acessos estavam vigiados e não se podia fotografar, muito menos entrar. Antes de pagar indenizações e multas, a Samarco se preocupava em esconder a história.
Tragédia de Brumadinho
Claudia Tajes: “Não são apenas corpos. São pessoas que tiveram suas vidas criminosamente interrompidas”
Somos um país machucado por crimes anunciados e pela impunidade que se segue a eles.
Claudia Tajes
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