Enquanto isso, Mario Corso lança A História Mais Triste do Mundo O desejo de ver uma cidade feita para as pessoas em 2015 Esperança de que o Tyrion sobreviva no Game of Thrones
Quando esta coluna for publicada, as árvores e as portas ainda estarão enfeitadas _ o dia oficial do desmonte é o 6 de janeiro, se bem me lembro. O peru e o lombinho do Natal e do Ano Novo já terão reencarnado de várias formas: desfiados, na salada, em cubinhos, com arroz e como mais a criatividade da cozinheira inspirar. Dos damascos e das nozes não restará nem sombra, mas o potinho das passas de uva vai continuar cheio (aposto). Passa de uva é a pior parte das festas. Talvez sobre algum espumante aberto na geladeira, e com uma colher na boca da garrafa para o gás não escapar. Claro que escapa, mas todo mundo seguirá botando a colher para tentar não perder o restinho.
Quando esta coluna for publicada, os embrulhos de quem não se apresentou para a festa já acumularão um certo pó ali no chão, ao pé da árvore. E a blusa que não caiu no gosto da presenteada, essa ocupará outra sacolinha, também reaproveitada, para ser dada à amiga que faz aniversário agora em janeiro. Se fosse na casa da minha mãe, a gaveta de cima do balcão estaria explodindo de fitas e laços meio tortos. Na época eu achava o fim da picada guardar fitas e laços que já haviam decorado outros presentes. Hoje percebo que a minha mãe era sustentável. O que podia ser usado mais de uma vez, ela usava.
Quando esta coluna for publicada, muitas crianças já terão quebrado os brinquedos que ganharam. Bonecas sem perna, carrinhos sem roda, bolas furadas, robôs com partes faltando, joguinhos que não se encaixam mais. É uma pena, mas brinquedo de Natal estraga mais fácil que os outros. O menino que passou meses querendo uma bicicleta já estará grudado no videogame. E arrependido: por que não pediu um Play 4? Em compensação celulares, computadores, tablets e, claro, videogames. funcionarão sem descanso. Surpresa foi o livro do Mário Corso que a menina ganhou de uma tia - logo a menina, que sempre detestou ler. Pois não é que ela leu inteirinho?
Quando esta coluna for publicada, as boas intenções de quem disse que arrumaria a cama todos os dias, que chegaria mais cedo do trabalho para pegar os filhos acordados, que não comeria porcaria, que começaria a correr, que só iria ao supermercado com sacolinha retornável, que leria um livro por mês, que usaria menos o carro, que teria mais paciência com a avó velhinha, que passaria fio dental todas as noites, que recolheria o cocô do poodle, que chamaria um elevador só, que não deixaria a lâmpada acesa no quarto vazio, que não brigaria por bobagem, que nunca mais ficaria em recuperação, que compraria menos inutilidades, que não se irritaria no trânsito e mais tudo aquilo que a gente se promete sabendo que não vai cumprir, todas estarão arquivadas. Ou a caminho do esquecimento. Como culpar alguém pelo que jurou nos primeiros segundos de um ano - e sob os fortes efeitos da esperança, ainda por cima?
Quando esta coluna for publicada, eu desejo um feliz 2015. E que os próximos 361 dias sejam cheios de tentativas. Qualquer hora dessas, pela lei das probabilidades, a gente acerta.