As particularidades do bioma Pampa, sua localização entre os paralelos 30 e 31, o regime de chuvas e o cuidado dos produtores da região. Estas são as características que, em conjunto, compõem o chamado terroir – aquele sabor único das coisas de um lugar, que é complicado de entender racionalmente, mas muito claro ao paladar.
A experiência desse terroir é o que os visitantes encontrarão na oitava edição do Fronte(i)ra – Festival Binacional de Enogastronomia, que inicia hoje, 1º de agosto, no Parque Internacional entre Sant’Ana do Livramento e Rivera. Serão cinco dias com produtos da região em feiras temáticas, na praça de alimentação e em outros encontros gastronômicos.
- A melhor combinação de sabores é uma escolha particular, porque o gosto é subjetivo. Mas é importante que o público se dê conta que tudo vem da terra, do bioma Pampa. O “terroir” do Pampa vale para o vinho, para o azeite, para o arroz e, também, para a carne, pois o gado é criado a pasto. Poder experimentar tudo isso no evento, testando harmonizações, cria uma experiência completa - avalia o assador Antônio Costaguta, o El Topador, um dos coordenadores do almoço de encerramento – o Assado Fronteiriço.
Ele explica que tanto a carne dos cordeiros criados na região, com seu sabor “mais exótico”, quanto a costela bovina, que é mais gordurosa, harmonizam muito bem com os vinhos produzidos na Campanha e no Uruguai. A sugestão do Topador são os vinhos “tannat”.
O presidente da Associação dos Vinhos da Campanha, Pedro Candelária, explica um macete para não errar na combinação entre o prato e o vinho: acompanhar receitas da cozinha tradicional de um lugar com os vinhos produzidos na mesma região.
- Como associação, trabalhamos também para desmistificar o consumo de vinhos no Brasil. Aqui observamos que as pessoas têm receio de arriscar - aponta.
Durante todo o Festival a associação terá um estande com dois rótulos de cada uma das oito vinícolas participantes. Os vinhos poderão ser comprados em taça ou em garrafa. O evento terá, também, pontos de venda dos vinhos uruguaios.
- É importante que o turista esteja aberto a conhecer e a perceber a qualidade do produto feito nos dois lados da fronteira - recomenda Candelária.
Da mesma forma, o presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Renato Fernandes, chama a atenção para a oportunidade que o Festival abre para que o grande público conheça o azeite extravirgem gaúcho. No estande da entidade, estarão presentes dez marcas de todo o Estado, com produtos das variedades koroneiki, arbequina, arbosana, picual e coratina, além de diversos blends (quando o azeite mistura duas ou mais variedades).
- É fácil perceber que o mundo mudou. As pessoas buscam qualidade na vida, na alimentação e em tudo o que consomem. O Festival de Enogastronomia apresenta carnes, vinhos e azeites de qualidade que vão ao encontro desta nova forma de viver. Não é luxo, não é supérfluo. Mas sim um investimento em saúde - argumenta.
Assim como ocorreu com as uvas, as azeitonas cultivadas na região da Fronteira entre o Brasil e o Uruguai tiveram um ganho de qualidade em função da estiagem prolongada.
- A seca provoca um stress na planta que coloca mais sabor e a picância, estes são atributos que o azeite precisa ter - detalha Fernandes.
Já Candelária complementa que a Campanha Gaúcha tem por característica produzir vinhos estruturados, encorpados e potentes. Em anos secos, os vinhos da Campanha tendem a ser vinhos nobres (com teor alcoólico acima de 14%).
- Acompanham muito bem a carne de cordeiro e os assados na parrilla - finaliza.