É época de Vindima, a colheita das uvas, e a Serra Gaúcha está repleta de programações incríveis para quem quer passeios diferentes nesse verão. A convite da Giordani Turismo, fui conhecer de antemão o roteiro Fascínios da Vindima que começa nesse final de semana, dia 18 de janeiro, e vai até o dia 07 de março, em todos os sábados. A agência, responsável pela Maria Fumaça e pela Epopéia Italiana em Bento Gonçalves, organiza roteiros diversos pela serra.
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Como eu nunca tinha ido em um parreiral em época de vindima, estava muito curiosa para saber como funcionava todo o processo de produção do vinho desde a colheita da uva e, esse é um dos objetivos do passeio, por isso resolvi compartilhar um pouco dessa experiência aqui.
Normalmente, o passeio sai diretamente de Bento Gonçalves, mas como o grupo era todo de Porto Alegre, saímos daqui mesmo às 7h30 e fomos direto ao nosso primeiro destino: a Cristófoli. Ah, logo na saída, ganhamos um avental, afinal, não tinha nada de moleza, íamos trabalhar na colheita das uvas hehe.
CRISTÓFOLI
Chegamos na Cristófoli, que fica no Distrito de Farias Lemos, por volta das 10h e fomos muito bem recebidos pela Bruna, enóloga da vinícola, que logo foi nos contando a história. Há mais de 130 anos, a família Cristófoli vive na região produzindo vinhos. Ao chegar na propriedade, a gente percebe de cara todo o amor e cuidado que pais, filhos e netos colocam na produção e tudo é feito em família mesmo, cada um com sua função.
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A Bruna foi quem conduziu a nossa visitação pela vinícola e a primeira degustação foi do "vinho doce", direto da fonte. Ele é um suco de uva Chardonnay antes do processo de fermentação, por isso não contém álcool, e é uma delícia, bem docinho. Mas, infelizmente ele não é comercializado, já que precisa estar sempre bem refrigerado e consumido rapidamente para que não fermente e acabe se tornando vinho.
Depois, fomos conhecer os parrerais e comer algumas uvas direto do pé, e por lá tem o Edredom nos Parrerais, um programa superlegal para quem quer fazer um piquenique no vinhedo com produtos coloniais, frutas e com direito a muito vinho. A atividade pode ser feita para um grupo de até seis pessoas e inclui uma garrafa de vinho para cada duas. Eu não sei vocês, mas esse clima todo já bateu a fome, e foi por lá mesmo o nosso almoço. Prepare-se para cenas fortíssimas no próximo parágrafo.
Quando a Bruna apresentou o cardápio que seria servido, eu lembrei muito da minha avó, porque era aquela comidinha bem caseirinha e que abraça a gente. O almoço foi todo harmonizado com vinhos da Cristófoli e as comidas foram feitas pelas Dona Maria e Dona Roseli. Mas vamos ao que interessa, né? Pra começar com o couvert, uma tábua com brusquetta de tomatinhos, focaccia e um pãozinho caseiro que estava uma delícia e, para um espumante brut.
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Em seguida, de entrada veio uma saladinha com mix de folhas verdes, tomatinhos cereja e um molho especial da casa feito a base de vinagre e de uma fruta secreta, que eu não posso te contar, tem que ir lá provar hehe. Ah, a salada foi harmonizada com um vinho branco Chardonnay.
O primeiro prato quente foi uma bígoli, uma massinha caseira feita na casa, com tomates confit. Essa massinha ganhou meu coração de uma forma que eu poderia comer só ela e estaria mais do que feliz <3 O Sangiovese foi o vinho para acompanhar essa belezinha.
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O segundo prato principal foi a tradicional polenta mole com ossobuco. Tem prato que defina mais a culinária italiana do que isso? Vou ter que admitir aqui, eu não sou lá muito fã da polenta mole, não, mas abri uma exceção para essa e confesso que não me arrependi. Estava uma delícia, o ossobuco desmanchando tanto que nem precisei usar faca para cortar. E tudo isso foi harmonizado com um Merlot.
Para fechar esse almoço saboroso com chave de ouro: um sagu de moscatel com morango. Não sei nem o que dizer, ainda estou lembrando dessa delícia aqui, queria poder levar pra casa um pote desse sagu! E, claro, foi acompanhado de uma espumante moscatel.
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Fim de visitação, fim de almoço, hora daquela passadinha na loja para renovar os estoques de vinhos, e seguimos o roteiro para a próxima vinícola.
VINÍCOLA SALTON
A segunda parada foi na Vinícola Salton e lá, nós fomos recebidos pela Chaiane, uma das enólogas e pelo Alan, que trabalha na comunicação da vinícola. E foi a Chai que nos guiou por todo o local, desde os parreirais até a degustação final. Uma curiosidade que ela nos contou, é que na Salton, as parrerais são plantadas no sistema de espaldeira, na vertical, diferente da Cristófoli que o sistema é de latada, na horizontal.
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A diferença desses dois sistemas é que no segundo o foco é a quantidade, os cachos de uva ficam suspensos para baixo e protegidos pelas folhas do sol, enquanto nas espaldeiras, o objetivo é a obtenção de uvas de alta qualidade, os cachos ficam bem expostos ao sol, livres do acúmulo de umidade, o que permite melhor amadurecimento.
Em seguida, a Chai nos conduziu por todo o prédio da Vinícola que contém diversas pinturas no teto feita à mão pelo artista gaúcho Cristiano Fabris que conta a história da Família Salton desde que chegou em Bento Gonçalves. Depois de conhecer as cavas e as barricas onde os vinhos ficam envelhecendo e, alguns, depois de anos são levados para a rotulagem e encaminhados para mercados do mundo inteiro.
Visitação feita, partimos para a melhor parte: a degustação com queijos e chocolates! A Chai nos deu uma aula sobre como harmonizar melhor vinhos e comidas e, começamos a nossa degustação com o espumante Domenico Gionata, um prosecco para combinar com um queijo colonial. A segunda combinação foi do espumante Evidence Brut com um queijo gruyère, que pra mim foi a melhor harmonização. Seguindo nos queijos, agora com um provolone foi um Salton Desejo Merlot. Com um chocolate preto meio amargo, uma espumante demi sec e, para finalizar, um vinho que me surpreendeu muito, bem alcoólico, mas muito aromático e saboroso, o Salton Intenso, um vinho branco licoroso.
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Fim de degustação, hora de dar aquela passadinha na loja e seguir para o próximo destino.
VINÍCOLA CAINELLI
O roteiro não poderia ter terminado de melhor forma. Ao chegarmos na Vinícola Cainelli, fomos recepcionados por toda a família com muito bom humor. O Júnior Cainelli contou um pouco da história e de como funciona a produção dos vinhos por lá e depois nos levou para uma missão muito importante: colher as uvas e encher um certo todinho.
E missão dada, é missão cumprida! Depois do árduo trabalho, a recompensa: as mulheres da famílía Cainelli fizeram um lindo coral cantando músicas tradicionais italianas para nos dar as boas-vindas e nos convidar a provar o merendin, uma mesa linda e farta de produtos coloniais produzidos por eles mesmos. E, claro, regados a vinhos e sucos de uva.
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Mas se você pensa que o nosso trabalho se encerrou por aqui, se enganou. Depois do lanche da tarde, hora da atração mais aguardada, a pisa nas uvas. Ao som do coral acompanhado de uma guaita, esprememos as uvas à moda antiga: com os pés.
Que experiência incrível poder conhecer um pouco dessa cultura que movimenta muitas famílias da Serra Gaúcha e todo o amor que é colocado em cada cacho de uva! Legal, né? Para mais informações sobre esse e outros roteiro da Vindima na serra, tem no site da Giordani!
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Se você gosta de comer e beber bem, e de falar sobre isso, vai gostar também do nosso podcast. O Foodcast é um papo descontraído da equipe de Destemperados sobre gastronomia, dá o play aí!