Eu raramente vou até Boa Viagem, garota-zona-norte que sou. Mas quando ouvi falar no tostex de costelinha desfiada e nos nomes irreverentes dos petiscos do Gato Beer, precisei ir lá provar. Se valeu a pena? Não vou dar spoiler do meu próprio texto, então vai rolando aí e descobre. Primeiro, vamos às apresentações: o Gato Beer é um bar com pegada urbana e despojada, instalado em contêineres que um dia foram lar pra uma loja de roupas e agora são um espaço pra “comer, beber, prosear”, como indica a fachada. Achei uma bela de uma introdução, aliás.
Lá dentro você encontra um ambiente interessante, que brinca com cores primárias e as texturas da madeira crua e dos próprios contêineres. Quase fiquei por aí mesmo, porque sou aloka dos sofazinhos, mas acabei indo conferir o primeiro andar.
Que achei ainda mais legal, diga-se de passagem: a parte de cima do bar fica aberta pra rua, assumindo de vez essa cara urbana, e ainda que a vista não seja das mais maravilhosas, é gostoso ficar ao ar livre. Tá bom de ar-condicionado o dia todo no escritório, né?
Uma vez instalados, demos aquele joinha imaginário pra o cardápio, que é todo divertidinho. Usando ingredientes da “baixa gastronomia” (que ocupa um espaço muito maior no meu coração do que a mais alta do mundo), a casa batizou os quitutes com nomes como “pau no gato”, “el gatón”, “pastel sem vento”, “maré tá pra peixe”, “churrasco na laje”, “dona chica dimirouce”... Por mais menus que saem do tédio, por favor!
Depois de ler o cardápio de cabo a rabo, a indecisa que mora em mim resolveu começar com o Gato de Rua: um mix de entradinhas que une várias estrelas da casa. O pedido, que é perfeito pra dividir com mais uma pessoa, vem com coxinha de costela com massa de macaxeira, dois pastéis “sem vento” (de caranguejo), seis bolinhas do gato (bolinhos de massa de batata empanados, recheados com charque e queijo coalho), dois caldinhos "nego bom" (de feijão com bacon crocante) e uns “dona xica dimirouce”, que são cubos de cupim ao molho escuro. Ah, tudo isso acompanhado por maionese da casa e molho de pimenta. Tudo aprovado, mas o que mexeu mesmo com meu coração foi o cupim, ridiculamente macio, e os bolinhos.
Pra beber, o boy foi de caipirinha e eu, motorista da vez, escolhi um drinque sem álcool pra enganar meu cérebro e aproveitar que o barman tava em ação bem do meu lado. Chamado de Pequenina, ele mistura purê de morango, gengibre, limão e água com gás e é bem refrescante. Queria mesmo era ter provado o chopp artesanal da casa, mas fica pra próxima.
E agora, pra acabar com o suspense, apresento a vocês o sanduíche que virou protagonista do título desse post: chamado de Comeu-morreu: o tostex de costelinha desfiada vem com queijo coalho, picles de pepino, molho de mostarda e tomate. Pedi sem o picles, porquenão sou obrigada, mas o que sobrou resultou numa combinação suculenta, saborosa e não sei mais que adjetivos usar sem começar a salivar aqui.
Pra fechar, pedimos ainda o Preto Velho: um bolo denso de chocolate, areia de cacau e sorvete de frutas vermelhas. Esse finalzinho, confesso, não me conquistou – vai ver foi porque eu já tava cheia, mas a textura do bolo e o sabor do sorvete deixaram um pouco a desejar. Não desbancou o lugar de honra do sanduíche, mas tá valendo.
O saldo da noite, incluindo tudo isso acima e também um suco pra mim e um mojito pro boy, foi uma conta de R$ 70 pra cada. E uma saudade desse sanduíche que, confesso, ainda não superei.
destemperados
O Gato Beer e um dos melhores sanduíches da vida
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