Pense num lugar cheio de história. O Armazém São Thiago é assim! Localizado num casarão em Santa Teresa, o estabelecimento foi fundado em 1919 pelo espanhol Jesus Pose Garcia, que o nomeou em homenagem a Santiago de Compostela, cidade próxima a sua terra natal.
O armazém era um local sofisticado e comercializava grande variedade de produtos, como azeites, vinhos, licores, frutas enlatadas, cervejas, biscoitos, ostras, lagosta, bacalhau, linguiça, grãos e cereais. As compras eram entregues diretamente nas casas das famílias de Santa Teresa e anotadas no tradicional caderninho do fiado, para que fossem pagas no final do mês.
Na década de 70, com a grande expansão das redes de supermercado, os armazéns entraram em decadência e muitos fecharam suas portas ou mudaram de ramo. Nessa época, o estabelecimento já estava sob o comando de um filho e um sobrinho neto do fundador. Esse último era o Seu Gomez, responsável pelo atendimento aos fregueses. Assim, o armazém virou bar e passou a ser conhecido como Bar do Gomez – apelido que conserva até hoje.
O ambiente atual do bar procura remeter a um antigo botequim carioca e fazer com que os clientes se sintam num Rio de Janeiro que já não existe mais. Muitos elementos antigos foram super bem conservados, a exemplo dessa incrível geladeira com portas de madeira que fica logo atrás do balcão.
O Armazém São Thiago, ou Bar do Gomez, é hoje um dos bares mais movimentados de Santa Teresa, frequentado por locais e turistas, pessoas de todas as idades e tribos. Além de carregar quase cem anos de história, o local também é famoso por seus variados bolinhos e extensa carta de cachaças.
Cheguei lá no meio da tarde de um domingo com duas amigas e, como era de se esperar, estava lotado. Começamos pedindo o croquete alemão de carne para comer em pé mesmo. Um dos poucos petiscos que pode ser pedido por unidade, ele já fica pronto no balcão. Estava muito gostoso, com casquinha crocante e recheio cremoso.
A espera pela mesa não demorou muito e assim que sentamos, chegaram as caipirinhas. Pedimos a caipirinha clássica: cachaça, limão e açúcar. Simples e perfeita!
Para comer, escolhemos o mix de bolinhos, que vem com duas unidades de cada sabor: bolinho de feijão recheado com couve e bacon, de feijão branco com lingüiça calabresa e de abóbora com carne seca. Molho de pimenta especial da casa acompanha a porção.
Um close nos bolinhos, agora com o recheio aparecendo. Muito crocantes, sequinhos e bem temperados. Nos três sabores, a massa era macia e o recheio era abundante. Difícil escolher o melhor!
Pedimos também um aipim frito, mas diria que ficou muito aquém dos bolinhos, foi o ponto fraco do dia.
O Armazém São Thiago tem mais de cem opções de cachaça, várias cervejas de garrafa, chopp, alguns drinks clássicos, sanduíches, petiscos e pratos tradicionais de boteco. Não tem pratos individuais ou refeições leves, é um lugar para “botecar”. E acho que pode contar como ponto turístico! É um privilégio tomar uma cerveja num lugar cuja história faz parte da história do Rio de Janeiro.
Esses petiscos com direito a uma viagem no tempo custaram R$ 40 por pessoa, incluindo as bebidas. Para deixar a experiência ainda melhor, recomendo uma caminhada pelas antigas ruas de paralelepípedos de Santa Teresa.
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Armazém São Thiago: quase cem anos de história
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