Adaptar uma novela clássica para os dias atuais não deve ser tarefa fácil. Afinal, cabe ao autor manter a essência da trama original, sem deixar de fazer alterações importantes para que a trama fique mais atual. Bruno Luperi tem feito de Renascer uma obra cada vez mais distinta da que foi escrita por seu avô, Benedito Ruy Barbosa, em 1993.
O caso de Buba é o mais emblemático. Se há 31 anos, quando era interpretada por Maria Luísa Mendonça, a personagem era intersexual – chamada na época de hermafrodita – agora, com Gabriela Medeiros no papel, temos uma mulher trans. Não é só essa a diferença. Desta vez, Buba tem uma história mais detalhada, um passado e, é claro, uma família. E mostrar os contornos da trajetória dela tem sido fundamental para a representatividade mostrada em cena.
"Aberração"
Nas cenas da última semana, Buba foi com José Augusto (Renan Monteiro) até sua cidade natal, onde confrontou seu passado e o sofrimento pelo qual passou ao ser expulsa de casa pelo pai. Humberto (Guilherme Fontes) ficou horrorizado ao deparar com a filha, a chamou de “aberração” e disse que só teve um filho que, segundo ele, “está morto”. Já Meire (Malu Galli) foi do susto à aceitação, com direito a um pedido de perdão à filha por tudo que a fez passar. Ao mostrar uma realidade que, infelizmente, é comum em muitas famílias, a novela fez um importante serviço a uma parcela da população tão invisibilizada.