Você já parou para pensar em quantas horas passou na frente da televisão neste ano assistindo a séries? Se você entrou nesta matéria, provavelmente, foram muitas. Isso se deve ao grande volume de programas lançados nos últimos 12 meses, que estiveram ao alcance do público devido aos serviços de streaming, que popularizam produções do mundo inteiro, colocando-as a poucos cliques de distância.
E, em 2022, diversas séries estreantes se destacaram logo em sua primeira temporada, conquistando o público, a crítica ou os dois por suas histórias envolventes e personagens carismáticos. Ou seja, esta lista não contempla produções que já tiveram mais de uma temporada, como as queridinhas The White Lotus, Euphoria e The Boys, o final de altíssimo nível de Better Call Saul ou, ainda, o sensível segundo ano de Manhãs de Setembro.
Abaixo, GZH selecionou as 14 novas séries que chamaram atenção neste ano.
Ruptura
A melhor série que quase ninguém viu. Essa pode ser a definição de Ruptura, produção original da Apple TV+, streaming que não está entre os mais populares do país, mas que oferece pérolas em seu catálogo — Ted Lasso, por exemplo. Em Ruptura, criada pelo inacreditavelmente estreante Dan Erickson e dirigida por um impressionante Ben Stiller, a trama acompanha Mark (Adam Scott), um homem que se submeteu a uma cirurgia cerebral que divide a sua vida entre pessoal e profissional — ou seja, ele não tem recordação de nada que vive em um ambiente quando está no outro. Tudo muda quando um homem que se diz seu ex-colega de trabalho aparece e coloca suspeitas sobre a empresa que o emprega. Envolvente e complexa — porém, acessível —, a trama é uma grata surpresa e consegue abordar temas profundamente humanos dentro de um universo corporativo. (9 episódios, Apple TV+)
Andor
Prequel de Rogue One: Uma História Star Wars, a produção do Disney+ foca a luta de Cassian Andor (Diego Luna) contra o Império cinco anos antes de conseguir roubar os planos da Estrela da Morte e enviar para a Rebelião. E em um ano em que o querido personagem Obi-Wan Kenobi ganhou a sua própria série, foi Andor que conseguiu entrar na lista dos destaques. Isto porque a produção derivada de Rogue One entrega uma história realmente cativante, mirando a importância dos coadjuvantes, dos heróis sem nome que são necessários para se vencer uma guerra, que consagra apenas alguns. Assim, essa produção de Star Wars mais contida e mais centrada no humano se destaca no meio da megalomania para a qual a franquia caminha desesperadamente. (12 episódios, Disney+)
Dahmer: Um Canibal Americano
Sensação da Netflix, a série acompanha a jornada do serial killer Jeffrey Dahmer, que matou 17 homens, além de ter praticado estupro, necrofilia e canibalismo. A polêmica produção criada por Ryan Murphy e estrelada por Evan Peters aborda os crimes cometidos por Dahmer, ao mesmo tempo em que destaca o que acontece ao redor do assassino, o sofrimento dos familiares das vítimas, de seus vizinhos e também dos próprios parentes do serial killer. O fascínio pela história do canibal, bem como a brilhante interpretação de Peters, fez com que a série se tornasse uma das mais vistas da história do streaming. E, apesar de se alongar mais do que deveria, a produção merece estar na lista. Afinal, foi um dos destaques do ano. (10 episódios, Netflix)
1899
Com um grande hype, por ser dos mesmos criadores da cultuada Dark — Baran bo Odar e Jantje Friese —, 1899 realmente conseguiu chamar a atenção dos espectadores pelos mistérios presentes em sua trama complexa. Apesar de não ser tão ovacionada quanto Dark, 1899 ficou várias semanas entre as mais vistas da Netflix, e o final aberto para novas temporadas instigou debates na internet. Na trama, pessoas de diferentes nacionalidades viajam em um navio da Europa para os Estados Unidos. Porém, no meio do percurso, encontram um enigma a bordo de um barco à deriva em mar aberto. A produção acerta ao instigar o mistério e colocar o espectador dentro da espiral de loucura vivida pelos personagens. Tudo é intensificado pelo cenário: a imensidão do oceano. (8 episódios, Netflix)
Wandinha
A empreitada de revisitar a Família Addams rendeu ótimos frutos para a Netflix: a série protagonizada por Wandinha (Jenna Ortega) foi um hit do serviço de streaming, tornando-se uma das mais vistas da história da plataforma. Na trama, que é em boa parte dirigida por Tim Burton, a filha de Mortícia e Gomez vai para a escola de excluídos Nunca Mais e, por lá, ela acaba no centro de um mistério envolvendo assassinatos, conspiração e um monstro, sendo a responsável por resolver o problema. Com um show de Jenna Ortega e um visual interessante, o programa tem bons momentos, apesar de o arco principal ser esticado excessivamente. Vale a pena investir o tempo, principalmente pela personagem principal. (8 episódios, Netflix)
Sandman
Adaptação da aclamada HQ de Neil Gaiman, Sandman acompanha a jornada de Sonho dos Perpétuos (Tom Sturridge), que é capturado em um ritual de magia das trevas por Roderick Burgess (Charles Dance), que o aprisiona por mais de um século. Quando escapa, o personagem principal parte em uma jornada para recuperar seu poder e seu reino. A versão live-action da história foi muito bem recebida pelos fãs, que geralmente são bem exigentes em relação à adaptação de HQs para o audiovisual. Houve, inclusive, um forte engajamento do público para a renovação da série, o que acabou acontecendo. (11 episódios, Netflix)
A Casa do Dragão
Prequel de Game of Thrones, a série baseada no livro Fogo & Sangue, de George R. R. Martin, se passa mais de 200 anos antes dos eventos da atração original, acompanhando a guerra civil que acontece enquanto os meios-irmãos Aegon II e Rhaenyra almejam o trono após a morte do pai, Viserys I, o que faz crescer a tensão entre dois clãs Targaryen sobre quem vai assumir o poder. A série surgiu com o objetivo de ser um acalento para os fãs da saga, após o final frustrante de Game of Thrones. E, mesmo com a trama tendo alguns problemas, principalmente de roteiro, a atração, que aposta em intrigas e fofocas, conseguiu agradar aos espectadores carentes por voltar a Westeros, emplacando números grandiosos de audiência. (10 episódios, HBO Max)
O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder
Série mais cara de todos tempos e contando uma história de um dos principais universos da cultura pop, O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder foi criticada por uma parcela dos fãs por dar protagonismo para mulheres e também por escalar atores negros para viverem personagens fictícios. Mesmo assim, a produção foi lá e entregou uma belíssima experiência para aqueles que são livres da ignorância do preconceito. Estreitando a diferença entre cinema e televisão, a série é um deleite visual e ainda conta com uma trama interessante, apesar de lenta, que mostra as origens do mundo criado por J. R. R. Tolkien. (8 episódios, Amazon Prime Video)
Rota 66: A Polícia que Mata
Baseada no consagrado livro de Caco Barcellos, Rota 66: A Polícia que Mata é provavelmente a série nacional mais impactante do ano. Na trama, o personagem principal é o próprio jornalista autor da obra, vivido na produção por Humberto Carrão. E, ao longo dos episódios, o repórter vai mergulhando na investigação para responsabilizar a Rota, braço mortal da polícia militar de São Paulo, pelo assassinato de inocentes. Adaptada com extrema competência por Maria Camargo e Teodoro Poppovic, a produção é um retrato revoltante da impunidade. E o pior: é baseada em fatos. (6 episódios, Globoplay)
Ms. Marvel
Entre as incontáveis produções do Universo Cinematográfico Marvel (MCU, em inglês), Ms. Marvel se destaca por alguns motivos: é protagonizada por uma menina, de origem muçulmana e fã de super-heróis, que ganha poderes que a colocam no mesmo patamar de seus ídolos. Trazendo uma abordagem mais urbana, contida e com linguagem jovem, a produção acerta ao explorar novas culturas e conflitos mais calcados na realidade, com competência e carisma — principalmente da protagonista Iman Vellani. E, além de tudo, ainda abre as portas para os mutantes entrarem no MCU. Um grande acerto. (6 episódios, Disney+)
Pacificador
O universo da DC Comics também marcou presença na televisão neste ano, entregando a absurda Pacificador, spin-off sobre o personagem interpretado por John Cena que deu as caras em O Esquadrão Suicida. Criada e dirigida por James Gunn, a atração explica o que levou o anti-herói a se dedicar à paz mundial com tamanho afinco que está disposto a tudo para defendê-la, incluindo matar quem estiver pela frente. Com a melhor abertura de uma série do ano — sério, é impossível pular —, Pacificador é uma obra ímpar, cheia de sarcasmo e cenas grotescas, mas ainda assim é puro coração. (8 episódios, HBO Max)
Uma Advogada Extraordinária
Hit sul-coreano, Uma Advogada Extraordinária acompanha a saga de Woo Young Woo (Park Eun Bin), uma advogada de 27 anos no espectro autista que, graças ao seu QI altíssimo, de 164, formou-se como a melhor estudante da turma de uma prestigiada universidade. Assim, ela consegue emprego em um grande escritório de advocacia, envolvendo-se com casos criminais incomuns e complexos. Durante os episódios, o espectador acompanha o crescimento da protagonista profissional e pessoalmente. Elogiada pelos fãs por abordar o espectro autista de maneira sensível e responsável, a atração virou o k-drama do ano. (16 episódios, Netflix)
Black Bird
Quando a ex-promessa do futebol americano Jimmy Keene (Taron Egerton) é preso por tráfico de drogas, ele recebe uma proposta tentadora do FBI: infiltrar-se em uma prisão de segurança máxima e fazer amizade com Larry Hall (Paul Walter Hauser), suspeito de vários assassinatos de jovens garotas, com o objetivo de extrair dele uma confissão que impeça sua soltura em liberdade condicional. Em troca, Keene seria liberado de sua sentença de 10 anos. Assim, Black Bird é um dos grandes exemplares de como narrar um true crime com responsabilidade e, ao mesmo tempo, conseguindo manter o espectador vidrado na história. E, além disso, Egerton e Hauser dão um show digno de prêmios. (6 episódios, Apple TV+)
O Urso
Ansiedade, família, luto e trabalho em meio ao exaustivo ambiente da cozinha de um restaurante. Este é o resumo de O Urso, série que estreou discretamente no catálogo do Star+ e foi conquistando o público, que tornou a produção uma das mais aclamadas do ano e provavelmente deve brigar pelos principais prêmios da categoria. A trama acompanha o premiado jovem chef de cozinha Carmen "Carmy" Berzatto (Jeremy Allen White), que deixa a cena gastronômica de Nova York e retorna a Chicago para administrar a lanchonete da família, após a repentina e chocante morte de seu irmão. Um dos acertos de O Urso é que os seus episódios duram, no máximo, 30 minutos, fazendo com que o público sinta a correria do ambiente e a intensidade das situações. (8 episódios, Star+)