A jornalista Renata Capucci publicou um relato no jornal O Globo dando mais detalhes sobre o diagnóstico de Parkinson revelado por ela no último domingo (26), no podcast Isso É Fantástico. Ela descobriu a doença em 2018, quando tinha 45 anos. Os primeiros sintomas, segundo ela, começaram leves, no início de 2018.
— Sentia os dedos de um dos pés se contraírem e, ao mesmo tempo, comecei a mancar, sem perceber. Só depois entendi que, na verdade, era a minha perna esquerda se movimentando mais lentamente do que a direita.
Ela disse que, nessa época, buscou tratamentos de fisioterapia e osteopatia, achando que estava com outro problema. Até que, durante participação no reality show Popstar, sentiu algo mais sério. Certa noite, de repente, seu braço se levantou involuntariamente:
— Em 21 de outubro, após o sexto programa, como me lembro... fomos dos Estúdios Globo direto para o hospital, para a emergência neurológica. Fiz um exame clínico com um neurologista. E depois uma ressonância magnética da cabeça e da coluna vertebral. Veio a bomba. No quarto, a médica disse: "Você está com Parkinson". Eu falei: "Que é isso, doutora, eu tenho 45 anos!" E ela falou o que até então eu desconhecia: o Parkinson não é somente uma doença de idosos.
A doença de Parkinson é caracterizada pela morte precoce ou degeneração das células da região responsável pela produção de dopamina, um neurotransmissor. A ausência ou diminuição da dopamina afeta o sistema motor, causando tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio, além de alterações na fala e na escrita. Do total de pessoas com a doença no mundo, entre 10% e 15% dos pacientes são acometidos antes dos 50 anos, como é o caso de Renata.
A jornalista também contou sobre sua primeira reação:
— Foi muito, muito pesado receber essa notícia. Chorei, gritei, me perguntava: por quê? O que aconteceria comigo? Como eu iria evoluir? O não saber, o não controlar é enlouquecedor.
Orgulho
Hoje, Renata diz ter orgulho de sua trajetória.
— Sou portadora de doença crônica e não tenho o menor motivo para ter vergonha de ser quem eu sou. Hoje, quase quatro anos depois de descobrir o Parkinson, respiro e vejo que não preciso me esconder, não tenho culpa de ter a doença. Não a escolhi, é da vida — ressalta.
A revelação de que tem a doença, segundo ela, foi "uma catarse". Ela disse que espera que, com isso, consiga levar informações para mais pessoas.
— Há sintomas que começam muito antes dos motores, como a perda do olfato, por exemplo. (...) Entendi também que a doença de Parkinson é cíclica. Um dia você acorda muito bem e no outro mal, a gente nunca sabe como vai estar no dia seguinte. Por isso é que não se compartilha tratamento. Cada paciente tem o seu, porque o Parkinson é diferente pra cada pessoa — contou Renata.
A jornalista também afirmou que faz uso de medicamentos, incluindo canabidiol para a insônia, que é um dos efeitos da doença. Ela disse que segue sua vida normalmente, sem restrições, mas que agora sente uma maior "urgência de viver e de ser feliz".
— Meu sonho é seguir com a doença controlada. É ver a cura do Parkinson. Sabemos que as pesquisas estão avançadíssimas, temos até uma vacina em fase 3 sendo testada em humanos, que não só estancaria os sintomas como reverteria a doença. Enquanto essa bênção não chega, há quatro tipos de cirurgias que ajudam pacientes a terem uma melhor qualidade de vida — explica a jornalista.