Os últimos meses têm sido intensos na vida da cantora Grag Queen, nome artístico de Gregory Mohd, natural de Canela, na Serra. Após vencer o reality Queen of the Universe —competição musical entre drag queens exibida na plataforma de streaming Paramount+ —, no fim de 2021, e conquistar o prêmio de US$ 250 mil dólares (cerca de R$ 1,3 milhão), a artista passou a ganhar espaço de destaque no pop internacional. Um dos sonhos realizados foi conhecer pessoalmente sua maior inspiração do mundo drag: RuPaul. Mais recentemente, teve seu nome anunciado na trilha sonora da terceira temporada da série Love, Victor, produzida pela Disney e disponível no catálogo do Star+.
— Desde que gravei, ouço todos os dias e espero muito que vocês gostem também. É muito gigante para uma drag queen brasileira ter uma música inédita em uma série da Disney, né? Mesmo sendo difícil de acreditar, eu só tenho a agradecer — afirma.
E não para por aí! Ela segue colhendo frutos por conta do primeiro single em inglês, You Betta, que foi gravado em parceria com os produtores Leland, Cole e Jesse, responsáveis por sucessos de Britney Spears, Camila Cabello e Snoop Dog.
Em meio à agenda lotada de shows no Exterior, Grag Queen conta sobre a vida pós-reality e a realização dos sonhos. Confira:
Como está a sua rotina?
Hoje, estou falando aqui de um quarto de hotel, na Califórnia, em Los Angeles, organizando tudo para entregar conteúdos do Mês do Orgulho (LGBT+), entregar shows. Agora, terei seis shows consecutivos, um dia atrás do outro. Está acontecendo muita coisa, muita viagem, tenho conhecido muitas cidades. Logo, volto ao Brasil, mas não para descansar e, sim, para fazer mais shows.
Você já usou o prêmio?
Com certeza! Foi a primeira coisa que eu fiz. Foi incrível poder dar uma segurança para mim, para os meus pais. Estou muito feliz de poder usar esse dinheiro de uma maneira positiva, evitando gastar com coisas fúteis.
Pode falar sobre a repercussão de You Betta?
Aqui fora, as pessoas têm cantado muito. Estou doida para voltar para o Brasil, porque não sei como está (a repercussão) aí. Sei que está tocando nas baladas, sei que estão tocando versões remix. Estou gostando muito de como está repercutindo.
O lançamento do single também marcou o início da sua parceria com produtores renomados. Qual o significado disso na sua carreira?
É gigantesco. Só nesses momentos, como quando estou respondendo entrevistas, que eu caio na real e penso: "Meu Deus! Olha o que está acontecendo, olha o que eu estou movendo, olha onde eu estou chegando." Fui de Canela para estúdios, microfones, salas de ensaio. Onde essas pessoas pisaram, eu estou pisando também. Tem sido não só extremamente chocante, mas incrível também.
Como foi o encontro com a RuPaul?
A RuPaul é uma artista que eu acompanho desde 2013. Eu sabia que nunca conheceria ela, já tinha aceitado. Do nada, a minha vida virou e ela me chamou para conhecer no camarim, algo que não faz com ninguém. Ela queria conhecer a gata para a qual mandou o Pix mais alto até hoje (risos), e falou: "Parabéns, bem-vinda à família." Ouvir isso de uma das maiores inspirações da minha vida não tem preço. Depois dali, eu fui uma nova mulher, edificada, abençoada pela Mamaru.
Você percebe diferença entre os movimentos LGBT+ do Brasil e do Exterior?
Todos os movimentos são bem engajados nas suas causas. Acho que existem diferenças artísticas, de vertentes que são culturais. No Brasil, temos muitas drags que cantam. Aqui (no Exterior), elas mais dublam, performam. Sobre os movimentos em si, todos lutam pelo mesmo ideal, que é o respeito e o fim da LGBTfobia.
Acredita que o seu sucesso possa servir como estímulo a outros artistas LGBT+?
Muita gente tem dito que eu sou uma inspiração. Eu agradeço demais, sempre, porque eu sei o quanto é importante ter uma forma física de onde a gente pode chegar, ter um reflexo do que a gente pode conquistar. Não importa da onde venha, não importa como é, não importa pelo que passou. Se a gente baixar a cabeça e trabalhar, com certeza em algum lugar chega.
Quando vem ao Rio Grande do Sul?
Eu estou só esperando o show no Rio Grande do Sul. Bora agilizar, porque a rainha do universo não quer conhecer o mundo inteiro e esquecer do meu Estado. Vamo, vamo, vamo, que eu estou prontinha com meu casaco na mão, mala e cuia. Me voy!