Cristina Ranzolin é como se fosse da família dos gaúchos. Costuma ser aquela companhia que conta as últimas novidades do Rio Grande do Sul ao meio-dia. Muitos telespectadores se sentem íntimos da apresentadora de 55 anos, sendo 26 comandando o Jornal do Almoço, afinal, almoçam diariamente com ela.
A partir da edição deste sábado (5), às 11h45min, o jornalístico da RBS TV vai exibir uma programação comemorativa de seus 50 anos no ar — os programas especiais continuam a partir de segunda-feira (7).
A estreia de Cristina foi em 8 de julho de 1996, em sua volta ao Rio Grande do Sul após um período na Globo, no Rio de Janeiro, onde apresentou o Jornal Hoje entre 1993 e 1996. De lá para cá, a jornalista estreitou cada vez mais seus laços com o público.
Em entrevista a GZH, Cristina fala sobre a longevidade do JA e sobre sua relação com os telespectadores.
Como é fazer parte do programa local mais antigo da RBS TV e um dos telejornais mais longevos do país?
É um telejornal muito bom de trabalhar. Sou apaixonada, pois é um programa muito variado, que permite coisas diferentes. Agora na pandemia, em que não estamos recebendo atrações no estúdio, tornou-se mais factual, ligado à parte de notícia. Mas, em sua essência, é um programa variado. O diferencial dele é a linguagem, o jeito que a gente apresenta. Já chorei no ar, já ri ao vivo. Um resumo como um companheiro dos gaúchos. Se você vai pelo Interior, não há família que não almoce assistindo ao programa. É incrível. Eles me têm como parte da família, ainda mais eu, que estou no ar há tantos anos.
A que você atribui essa longevidade do Jornal do Almoço?
É um programa que sempre foi se atualizando, sempre ligado no público. Fazemos o programa para os telespectadores, não para a gente. Acho que com a informalidade, o espectador se vê ali. Com seriedade, precisão e rapidez, mas com descontração. Do jeito que produzimos, nós nos tornamos cúmplices dos telespectadores.
Qual momento marcante do JA você gosta de lembrar?
Meu momento de retorno para cá foi bem marcante. Estava na Globo, no Jornal Hoje, quando me convidaram. Me encantei porque é um programa que exigia algo diferente enquanto apresentadora. Na época, essa coisa da espontaneidade e do improviso eu ainda não tinha. Alguém poderia questionar: ah, mas seria muito mais desafiador trabalhar nacionalmente. Não, para mim, muito mais difícil é fazer um jornal em que tu tens que estar te entregando e decidindo na hora, muitas vezes, o que farás.
E as entrevistas memoráveis?
Pude entrevistar ídolos meus e pessoas que admiro, como Fernanda Montenegro e Andrea Bocelli. Muitas atrações que vêm para o Estado costumam passar pelo JA. Às vezes, estou ali fazendo uma entrevista, mas também estou de frente com meus ídolos.
Num telejornal ao vivo, também há a possibilidade de imprevistos acontecerem. Ao longo desses anos, algum episódio desses te diverte ao lembrar?
Já aconteceu de eu derrubar o tablet no ar. Sempre tirei de letra coisas que acontecem ao vivo, mas aquela ali foi bem no finalzinho do programa. Quando virei, derrubei. Não sabia se me abaixava e pegava para mostrar o que aconteceu, mas levaria um tempo e invadiria o espaço do Globo Esporte. Na mesma hora já tirei foto do tablet e publiquei nas minhas redes sociais. Quando acontece alguma coisa assim não dá para querer esconder. "Cristina derrubou o tablet." Vamos lá, derrubei o tablet (risos).
Como você se transformou ao longo desses 26 anos?
Minha vida sempre foi exposta na TV. Todo mundo acompanhou minha barriga crescendo na gravidez. Quando nasceu minha filha, recebi presentes do Estado inteiro! Quando tive meu câncer, fez um bem danado porque recebi energia positiva de todos os quatro cantos do Rio Grande do Sul. Foi lindo de ver como as pessoas me apoiaram, deram uma força que me ajudou muito a enfrentar a doença.
Já pensou em quantos gaúchos e gaúchas você já inspirou?
Vi isso na minha doença. Por estar compartilhando, me contaram também de seus casos e de tudo que enfrentaram. As pessoas me têm como uma amiga ali, têm confiança total para se abrirem. Antigamente, recebia centenas de cartas por semana. De vez em quando, ainda aparece uma. Hoje em dia, com as redes sociais, todo carinho do público vem por ali.
Imagino que estabeleça uma relação com fãs.
Tem uma menininha que a mãe me manda notícias, que é a Cristininha. Ela já fez em casa o microfone do Jornal do Almoço, tem as folhinhas do JA. Ela está na terceira série e costuma dizer: "A cada ano no colégio, estou mais perto do Jornal do Almoço". Ela quer ser a Cristina. Tem uma outra que tem um fã-clube, a Camila. Ela me acompanha desde 2016, já foi na TV, começou a estudar jornalismo por minha causa e está se formando agora. Há tantos exemplos positivos. Que bom que as pessoas têm alguém como ídolo que é real. Sou real.