Lançado em novembro na Netflix, o filme Amor Sem Medida, estrelado por Leandro Hassum, tem sido acusado de capacitismo —discriminação contra pessoas com deficiência. No longa, o ator teve sua altura diminuída digitalmente para interpretar um personagem com nanismo.
O filme já foi criticado pelos atores Giovanni Venturini e Juliana Caldas, que publicaram vídeos nas redes sociais em repúdio à obra. Agora, foi a vez de Peter Dinklage, o Tyrion de Game of Thrones.
— Eu vejo filmes do passado e, infelizmente, se algo faz dinheiro, vai ser repetido. Estamos falando de uma indústria, afinal — disse, à Folha de S.Paulo.
O ator também comentou sobre a representação de pares românticos nas telas.
— As pessoas bonitas não monopolizaram o amor em si. O amor é universal. Eu sei que gostamos de ir ao cinema para ver gente bonita, mas há muitas outras histórias por aí e elas precisam ser contadas. Mas é uma questão muito complicada, porque nós atores precisamos ter muito cuidado para não ofender as pessoas e, ao mesmo tempo, nosso trabalho é basicamente interpretar pessoas que não têm nada a ver com a gente. Então isso gera um impasse complicado.
Críticas
No filme, Hassum faz o papel do cardiologista com nanismo Ricardo Leão, que se apaixona pela advogada Ivana (Juliana Paes), bem mais alta do que ele. A produção causou revolta no meio artístico. O ator Giovanni Venturini, conhecido ao interpretar Nico na novela Cúmplices de um Resgate, no SBT, disse que teve vontade de "chorar de desgosto" ao assistir o filme
"Assim como “black face” o “crip face” é uma forma de preconceito e tira a oportunidade de atores assumirem seu lugar de fala, e assim trazer representatividade para o cinema. Mas os problemas do filme vão para muito além do crip face. Existem inúmeras formas de capacitismo sendo representadas no filme e não podemos mais tolerar isso", criticou.
Assim como ele, Juliana Caldas, que atuou na novela O Outro Lado do Paraíso, criticou o longa, em vídeo. "Uma das abordagens é comparar o órgão sexual masculino do cara com o tamanho dele. É um absurdo", disse ela após enfatizar que não se sentiu representada pela obra.
Em meio às críticas, Hassum se defendeu, em nota, dizendo: "Sinto muito, de verdade, pois jamais quero através dos meus filmes e (da minha) arte causar dor. Pelo contrário, meu propósito sempre será divertir e entreter, pois acredito no humor agregador para toda família. O filme conta uma história de amor, de pertencimento e de inclusão, valorizando as capacidades de seus personagens e repudiando qualquer preconceito, de qualquer espécie".
"Vivemos num mundo ainda distante do ideal, mas que vem caminhando no sentido de não dar espaço a nenhum tipo de preconceito, segregação ou exclusão", continua. "Esta foi a intenção, por meio da leveza e do humor, abordar a importância de vivermos num mundo com mais amor e respeito, onde ser aceito e amado independe de características físicas."