Os Normais completa 20 anos nesta terça-feira (1º). A série estreou em 1º de junho de 2001, na TV Globo. A atração durou três temporadas, acumulando 71 episódios, e chegou ao fim em outubro de 2003.
Criado pelo casal Fernanda Young e Alexandre Machado, o programa estrelado por Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães rapidamente se tornou um sucesso — tanto é que a produção tinha sido pensada para ter apenas 12 episódios, mas acabou se fixando na grade da emissora.
Após o encerramento, o humorístico ganhou dois filmes — o primeiro lançado poucos dias depois do término do seriado e o último em 2009. Ambos conquistaram elogios por parte do público.
Duas décadas depois de sua estreia — e quase 17 anos de seu término —, Os Normais segue sendo adorada e aclamada por seus fãs. Inclusive, cenas da série volta e meia ressurgem nas redes sociais, arrancando gargalhadas de quem acompanhava a atração ou, então, surpreendendo quem nunca havia assistido ao programa.
Mas o que fez a série se tornar tão memorável e um ícone do humor brasileiro? GZH trouxe alguns pontos que ajudam a explicar o fenômeno que foi — e ainda é — o programa. Confira:
O dia a dia de um casal “normal”
“Você é doida demais”, canta Lindomar Castilho já na abertura do seriado. Assim, já é possível ter um leve spoiler do que virá logo que o episódio começar. Aparentemente, Rui (Guimarães) e Vani (Fernanda) formam um típico casal de classe média, na faixa dos 30 anos, tido como “normal”.
Porém, no decorrer de cada capítulo, é possível perceber que a frase “de perto, ninguém é normal”, retirada da letra de Vaca Profana, de Caetano Veloso, cai como uma luva para os dois protagonistas. A dupla, na verdade, é cheia de manias, preconceitos, paranoias, superstições e falhas de caráter — o que, francamente, é normal, né?
Química entre os atores
A série dificilmente conseguiria cair nas graças do público se não fossem os seus dois protagonistas. Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães compartilhavam uma boa química na tela e isso fez com que a dupla engatasse uma amizade que dura até hoje.
Em cena, os intérpretes de Rui e Vani se entregavam aos seus personagens sem nenhum pudor, o que rendia diálogos hilários improvisados pela dupla e cenas que beiravam à vergonha alheia. O mais importante: tanto Fernanda quanto Guimarães se divertiam gravando as cenas de Os Normais, o que podia ser sentido pelo telespectador.
Humor atemporal
Apesar de a própria Fernanda Torres ter dito, em entrevista ao Video Show em 2018, acreditar que hoje em dia Os Normais seria proibida, o humor da série segue atemporal. Mesmo com alguns pontos datados, aceitáveis devido aos seus 20 anos de existência, o seriado conseguiu sobreviver bem ao tempo, com questionamentos interessantes sobre relacionamentos e o que eles têm de pouco excepcional.
As situações enfrentadas por Rui e Vani fazem parte do cotidiano de muitos casais, que vão desde implicâncias bobas com os hábitos do parceiro a fofocas e paranoias pouco edificantes. Isso se deve ao texto afiado de Fernanda Young e Alexandre Machado, que conseguiam escancarar a graça do que é ser apenas “normal”, reforçando o pior e o melhor do ser humano.
Vale destacar que este processo também tem um toque gaúcho: Jorge Furtado é responsável pela coautoria de alguns episódios da atração e, também, pelo roteiro do primeiro filme sobre o casal, de 2003.
Quebra da quarta parede
The Office, House of Cards, Fleabag... Produções de sucesso recentes e que apostaram no arriscado recurso de quebrar a quarta parede, ou seja, levavam os personagens a conversarem diretamente com o público, saindo da cena. É preciso saber dosar o uso do recurso, para que a verossimilhança não seja prejudicada e não gere confusão.
Antes das séries citadas, porém, Os Normais já se utilizava da quebra de quarta parede e da metalinguagem. Então, era comum no seriado que os personagens se virassem para a câmera e despejassem conselhos, frases motivacionais e, claro, pensamentos completamente bizarros, tornando o público cúmplice de suas maluquices. Tudo na medida certa.
Soube a hora de parar
Ao contrário de muitos programas de sucesso ao redor do mundo, que vão se estendendo até o limite, tornando a obra cansativa, Os Normais terminou cedo. Os autores decidiram que o formato trabalhado nas três temporadas havia se esgotado e, por isso, optaram por finalizar a série enquanto ela ainda estava no auge. A decisão, apesar de ter deixado muitos fãs órfãos, mostrou-se acertada, pois a série segue sendo querida e elogiada até hoje. A saudade mostra que o programa não cansou.
E para quem quer relembrar — ou conhecer — Os Normais, a série completa está disponível no Globoplay e, a partir de 5 de junho, o canal pago Viva exibirá uma seleção com os 12 melhores episódios das três temporadas que compuseram a atração.