O tombo de Projota não foi tão grande quanto o de Karol Conká, mas o momento requer a mesma atenção adotada pela curitibana. O rapper, considerado membro do grupo dos vilões da edição, despediu-se do Big Brother Brasil 21 na terça-feira (16) ao cravar 91,89% dos votos, sendo a quinta maior rejeição da história do programa.
Ao contrário de Karol, o alto índice registrado pelo artista em paredão disputado com a funkeira Pocah e a cirurgiã-dentista Thaís deve-se também à pouca relevância das oponentes na berlinda. Thaís ficou em segundo lugar, com 6,72% dos votos, principalmente por conta de sua insegurança — nas últimas semanas, ela foi fortemente criticada pelo público por seus discursos desconexos na casa. Pocah não se envolveu em muitas polêmicas e foi vista dormindo por dias seguidos.
No entanto, não há como negar que a postura de Projota, que oscilou desde o início da temporada, interferiu no resultado. Ainda na segunda semana, o rapper foi elogiado por ter oferecido ajuda psicológica a Lucas Penteado, que enfrentou embates com Kerline e se sentiu vítima de racismo. Quando entrou no programa, Projota tinha 3 milhões de seguidores no Instagram e, ao demonstrar seu lado pacificador e amigo, o número saltou para 4,3 milhões.
Depois disso, o artista entrou em queda livre ao se unir a Karol Conká. Fortemente rejeitada pelo público, os dois traçaram um plano para tentar retirar Lucas do jogo, o que foi avaliado como traição — em menos de uma semana, Projota viu seu perfil perder mais de 500 mil seguidores. A saída de Nego Di e de Karol foram positivas para ele sustentar o impacto pós-reality.
— Ele tem pontos em comum com a Karol, mas não são tão gravíssimos como os dela. O Projota não era maligno como ela e, mesmo sendo manipulador, ele vai conseguir superar isso. O BBB é uma grande novela e o capítulo de hoje é bem diferente do visto ontem, o público esquece, então vai ser mais tranquilo de lidar aqui fora — acredita Higor Gonçalves, professor de comunicação da ESPM e especialista em personal branding (gestão estratégica de marca pessoal).
Reconhecimento do erro
Logo que saiu da casa, Projota ficou nitidamente impressionado com a alta rejeição. A falta de imaginação sobre o que se passava na cabeça do público foi uma das justificativas dadas por ele de imediato.
— A gente não sentia, o relacionamento com o Lucas foi um problema, e com o tempo conseguimos ter conversas que falaram sobre isso, mas era difícil de separar essas coisas, de não enxergar os detalhes — confessou Projota, em papo com Tiago Leifert durante o encerramento do programa.
Na manhã desta quarta-feira (17), em conversa com Ana Maria Braga no Mais Você, o discurso foi semelhante e ainda mais direto: ele reconheceu que falhou em sua trajetória dentro do reality. Segundo o rapper, o público pode conhecer "seus outros lados", mas ele tem de melhorar em muitos deles.
— Lá dentro eu não me considerava vilão, eu acho que o grande erro era achar que estava muito certo sempre, essa foi minha ruína. A gente faz isso na vida. Lá a gente potencializa coisas de fora, até as negativas, que acabaram se sobressaindo — justificou Projota.
Para Gonçalves, este reconhecimento dos erros é fundamental para que Projota reconstrua sua carreira daqui para frente.
— Ele precisa se retratar mesmo. Quanto ao tom, pode ser de "eu pirei dentro da casa" ou "ninguém imagina como é lá dentro", mas ele precisa se pronunciar. O público compra exatamente o que ele falar, mesmo que duvide um pouco. Até a questão da pressão da saudade da filha e da mulher pode ser usada a favor — sugere o professor.
Nem tão malvado assim
Outros aspectos devem ajudar Projota a sentir menos o impacto de suas ações aqui do lado de fora. Gonçalves lembra que a história de vida dele, reconhecida como de superação e marcada pela perda da mãe aos sete anos, pode lhe ajudar. As letras das músicas do rapper também são outro aspecto positivo.
— Ele não tem letras tão odiosas e fortes como as do Mano Brown, por exemplo. Ele tem um tom de crítica social, mas não chega a ser raivoso, é quase um território de crítica romântica — lembra o pesquisador. — Essa imagem dele, de ser um cara não carrancudo, dialoga mais tranquilamente aqui do lado de fora.
Mesmo com uma carreira mais sólida e composições menos incisivas, Gonçalves recomenda que Projota se ausente um pouco das redes sociais. Por algumas semanas, ele sugere que o artista mostre pouco a cara e evite entrar em questões polêmicas, para que sua "imagem seja descansada" e "saia da overdose de exposição".
Após esse período de desligamento, Projota pode retomar sua carreira musical e Gonçalves vai além: o rapper pode se apropriar do que viveu no reality para fazer novas composições e produtos culturais.
— É só transformar o limão em limonada, ele pode tomar as dores e transformar tudo em narrativa, reforçando o quanto a família fez falta e é importante para ele. Basta ele saber dosar o tom do discurso — recomenda o especialista.
Projota agora registra 3,7 milhões de seguidores no Instagram — 700 mil a mais do que em 25 de janeiro, data de início do BBB 21. Em sua publicação mais recente, com mais de 120 mil curtidas em menos de três horas, grande parte dos comentários eram positivos. "Lindo ver que reconheceu os erros e está em busca de melhorar, isso mostra que nunca estivemos errados em amar você, estou torcendo aqui ainda, igual sempre torci para que tudo dê certo pra você sempre", escreveu uma fã. "Tudo passa! Os erros são pilares para nosso crescimento pessoal e profissional. Sem eles, nunca seríamos melhores!", disse outro.
— No fim, o que o público compra é o que passa na Globo, no programa durante a noite, e os recortes nas redes sociais. Esses trechos nos ajudam a ver os melhores momentos de cada um e o Projota vai conseguir superar isso graças aos bons momentos dele — finaliza Gonçalves.
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