Cantar não é o forte de Karina Ramil, filha de Kleiton, da dupla com o tio Kledir. Mas nem por isso, sua veia artística deixou de aflorar. A atriz, nascida no Rio de Janeiro e gaúcha de coração, é uma das comediantes mais conhecidas da nova geração. Após a sua passagem pela trupe do Porta dos Fundos, ela agora estreia oficialmente no elenco do Zorra. O humorístico ganha episódios inéditos neste sábado (15), a partir das 22h30min, na RBS TV. Karina conta que até sabe tocar piano e que foi incentivada desde pequena para seguir os passos do pai, mas acabou se encontrando nas artes cênicas. Aos seis anos, começou no Tabladinho, passando anos depois para o Tablado, importante escola de teatro do Rio de Janeiro fundada por Maria Clara Machado, onde ficou até os 23 anos.
Mas ela não escapou de se envolver com o Casa Ramil, espetáculo que passa em revista quatro décadas de dedicação da família à música. Como sempre faz questão de vir ao Sul, os parentes tentaram colocá-la no show especial.
— Não estou na música porque não tenho essa habilidade (risos). O Casa Ramil foi a primeira vez em que vi a família toda junta empenhada em uma mesma coisa. Minha tia me convidou e respondi: “Meu deus, o que é que eu vou fazer?” (mais risos). Queriam que eu fosse mestre de cerimônias, mas não tinha como — lembra Karina, que assumiu a direção artística do espetáculo, ajudando a organizar a ordem das canções e as frases entre um número e outro. — Se não fosse essa pandemia, estava com eles por aí dando voltas pelo Brasil.
Apoiada pela família, Karina investiu em sua carreira de atriz e formou-se em Artes Cênicas pela Universidade Candido Mendes. Na instituição, o mestre Eduardo Vaccari sentenciou: não adiantava ela tentar fazer um drama pesado, porque a comédia era o seu forte. O professor também deu aula de atuação para Tatá Werneck, que recebeu a mesma recomendação.
— Ele vivia dizendo para mim e para a Tatá que não adiantava ficar se esforçando para fazer a Medeia, se é na comédia que eu brilhava, onde tenho prazer. Aí pensei: “Se até a Tatá, que é maravilhosa, foi para o humor, o que é que estou fazendo aqui?!”. A partir dali, fiquei bem com o meu “lado comédia” — diz Karina.
Com essa indicação, ela viu que se encontrava mesmo era com o riso e, em 2016, ingressou no Porta dos Fundos. A atriz considera o grupo como um “divisor de águas”, já que pôde entender melhor como trabalhar com a câmera, e ganhou amigos para a vida toda. Entre os projetos com a turma, Karina trabalhou no especial de Natal, A Primeira Tentação de Cristo, que levantou polêmica por mostrar Jesus como gay. Segundo a atriz, a tensão vivida pelo grupo ali e a forma como o público lida com a classe artística, neste atual momento, estão interligadas. Ela torce para que a cultura consiga “renascer das cinzas”, que se ressignifique na sociedade.
— A mesma pessoa que fala que os artistas são vagabundos, é aquela que liga a TV para ver novela de noite. Eles acham que a trama é criada por quem? A cultura nos ajuda tanto a se distrair na pandemia e só faz a gente ficar mais inteligente, com o olhar mais apurado. É preciso união para que o mundo se refortaleça.
Zorra
Karina Ramil e um dos reforços da nova fase do humorístico da Globo. Diogo Vilella, Marisa Orth, Robson Nunes e Victor Lamoglia também passam a participar das esquetes inéditas, que mesclam situações do cotidiano e reflexões divertidas sobre a pandemia.
Os novos episódios mesclam gravações do início do ano com novas cenas, que estão sendo realizadas na casa dos atores e em cidades cenográficas, com equipes reduzidas, seguindo um rigoroso protocolo de segurança.
Já na abertura da temporada, o público poderá conferir um clipe com o elenco cantando O Novo Normal, uma paródia da música Do Leme ao Pontal, de Tim Maia.
As novelas também ganharão versões inusitadas dentro do programa, principalmente na série de esquetes Novo Novo Mundo: A Primeira Novela Seguindo as Normas da OMS, com releituras de momentos clássicas da teledramaturgia. O épico duelo à mesa de Fernanda Montenegro e Paulo Autran em Guerra dos Sexos (1983), por exemplo, ganha uma nova montagem, com muito álcool gel.