Quando Malhação: Viva a Diferença foi ao ar pela primeira vez, entre 2017 e 2018, na Globo, muita gente gostou do que viu. A novela do diretor Cao Hamburger chegava com um formato diferente: cinco protagonistas mulheres que moram em São Paulo, temas polêmicos e dilemas da juventude, como gravidez na adolescência.
Vencedora do Emmy Kids Internacional 2018, Malhação: Viva a Diferença voltou à programação da emissora por causa da pandemia de coronavírus e pela impossibilidade de manter gravações da nova temporada da novela. Com ela, voltaram os dramas das amigas Keyla (Gabriela Medvedovski), Ellen (Heslaine Vieira), Lica (Manoela Aliperti), Tina (Ana Hikari) e Benê (Daphne Bozaski).
Essa safra acompanha a história de amizade entre essas garotas de raízes e personalidades diferentes, que nasce a partir de uma experiência inesquecível: um parto no metrô da capital paulista. As cinco amigas formam as Fives e precisam encarrar conflitos entre si, em relação às suas famílias e à sociedade.
— A temporada alia temas pertinentes, linguagem direta e, ao mesmo tempo, sensível e delicada. Consegue ser um entretenimento prazeroso, com conteúdo relevante — disse Hamburger.
Mas outro fator fez com que o público ficasse fiel à novela: o amor. A paixão se fez presente durante todas as fases do folhetim e arrebatou todas as protagonistas. E claro que nas redes sociais os casais logo foram "shippados" pelos fãs e ganharam verdadeiros fã-clubes e torcidas organizadas.
Relembre a história de cada casal de Malhação: Viva a Diferença.
Casal Gunê
Estrelado por Guto (Bruno Gadiol) e Benê (Daphne Bozaski), o casal fez sucesso e foi considerado um dos mais shippados de todos. A relação de ambos começava como uma amizade genuína, o que fazia bem para os dois, apesar de serem de universos diferentes. Logo o romance caiu nas graças do público.
— A partir disso muitas pessoas se identificaram e também acabaram torcendo para que eles ficassem juntos. Eu e o Bruno não imaginávamos que teria esse carinho todo. Me inspiro muito com a historia deles — diz Daphne.
Para ela, a repercussão os ajudava a entender como o público via os personagens:
— Eu e Bruno sempre conversamos muito sobre Guto e Benê para entender o que estariam passando em cena, pois na hora de gravar o tempo é curto. Então ensaiávamos sempre antes de gravar.
O ator revela que está entendendo agora os efeitos de uma reprise de novela. Tudo o que passaram é revisitado novamente:
— As pessoas vão se sentir tocadas com a história de Guto e Benê de novo. Isso pode criar uma nova paixão, talvez até mais forte, somada com o público que já viu e amou.
O maior desafio pelo qual o casal passa e poderá ser visto de novo é a luta contra o preconceito.
— No início, eles mesmos não se permitem ver como um casal, mas quando começam a assimilar essa ideia as pessoas em volta estranham e julgam. Demorou um pouco para percebermos que "eita, somos o casal mais shippado da temporada". Mas assim que vimos, ficamos muito felizes e orgulhosos — afirma Gadiol.
Casal Tinderson
Formado por Tina (Ana Hikari) e Anderson (Juan Paiva), o casal Tinderson era um dos mais aclamados pelos telespectadores. E agora, na reprise, não deverá ser diferente. É o que espera Paiva.
— Tinderson teve um poder enorme, repercussão muito grande e agora não está diferente. Recebo bastante mensagem nas redes sociais. Não é o mesmo número em proporção do que na versão original, mas é significativo. A gente vê que a galera tem carinho pelos personagens e continua adorando o casal.
Na narrativa, o preconceito é também o que toma a vida dos personagens. Ela é uma estudante de classe média, e ele um motoboy negro de periferia. Mas o amor não escolhe cor nem classe social. Eles tiveram de superar obstáculos para ficar juntos.
O ator lembra que Ana adorava alimentar a vontade por shippar o casal na internet.
—Ana era muito dedicada ao casal, sempre me chamava para fazer vídeos, postagens e essas ações alimentavam nosso romance na ficção.
Casal Felica
Entrar na internet para ver os comentários a respeito de seus personagens era um verdadeiro ritual na vida dos atores Gabriel Calamari (Felipe) e Manoela Aliperti (Lica). Segundo o ator, era igual torcida de futebol.
— Lembro que o nome Felica, contração das palavras Felipe e Lica, era citado quase todos os dias em que olhava o aplicativo. Acompanhava sempre que podia, me tornei um tanto quanto adicto (risos). Lia todo tipo de mensagem a respeito do casal da novela, do amor ao ódio, do triste ao cômico. As pessoas se envolvem com a trama tanto quanto quem a produz — revela.
O mesmo acontecia com Manoela:
— Quando o público shippa o casal na novela, isso é muito bom porque significa que estão gostando do que estão assistindo e curtindo o desenrolar do romance. Lembro de ficarmos muito felizes com a reação positiva do público. A opinião deles sempre foi muito importante para o desenrolar das histórias na novela.
O casal também começou numa amizade que virou amor. Calamari lembra que morava no mesmo prédio que Manu, então era mais fácil ficarem na mesma sintonia para as cenas:
— Conforme recebíamos os capítulos, vivíamos junto com o público as dores e delícias dos personagens. Ninguém tentava mudar o rumo da história, apenas desfrutávamos o prazer de interpretá-la.
Mais para o fim da trama, Lica se envolve com Samatha (Giovanna Grigio), outro casal que foi muito querido pelo público.
— Nunca tive torcida para que Lica terminasse com Felipe ou Samantha, ou quem quer que o autor decidisse. Espalha-se muita fake news sobre isso. A única coisa que sempre desejei foi que aqueles tempos (do romance entre Lica e Felipe) durassem por mais tempo, porque foi delicioso — diz ator.
Casal Jotellen
Antes de Malhação: Viva a Diferença estrear, o ator Hall Mendes tinha como ritual entrar no Twitter para ver o que falavam sobre a novela, o que era repercutido e quantas curtidas a história ganhava. Porém, depois que a trama começou, ele perdeu de vista os números e as interações. Tudo se multiplicava.
Na história, Jota, seu personagem, se interessava por Ellen (Heslaine Vieira), casal shippado pelo público. Mas ele tinha de conviver com um terceiro nome para tentar arrebatar o coração da mocinha: Fio (Lucas Penteado).
— A disputa dessa dupla pela Ellen era bem legal de acompanhar nas redes. Eu sempre gostei de interagir com a galera que comentava a novela. Os nomes dos shipps sempre ficavam entre os assuntos mais comentados do Brasil — conta.
Ele revela que a parceria com a Heslaine foi muito interessante e pode explicar um pouco do sucesso que a dupla fez:
— Conheço toda a família dela, já passamos Natal juntos, já dormi na casa dela... Heslaine foi um presente que Viva a Diferença me deu, por isso a galera começou até a confundir a nossa amizade, achando que tínhamos um relacionamento fora da novela — lembra.
Heslaine Vieira expressa a grandiosidade do casal Jotellen em números:
— Eu me lembro de chegarmos a 98 mil curtidas e 1.398 comentários numa foto em que eu aparecia com o Hall Mendes (nosso Jota). Até porque somos, até hoje, melhores amigos e nossa química em cena era surreal. Os fãs repercutiam tanto que, às vezes, dávamos uns presentinhos para eles com fotos que criávamos fora dos personagens.
Casal Keylato
— Realmente o casal Keyla e Tato tinha muita torcida. Imagino que muitas pessoas que não conheceram a história na época podem ver agora e torcer pelo casal e pelo filho, Tonico.
Essa é a torcida do ator Matheus Abreu, que na trama faz dupla com a personagem de Gabriela Medvedovski. A mocinha teve um filho que nasceu no vagão de um metrô, uma das cenas mais icônicas de toda a novela. E Tato assumiu o filho da amiga por quem é apaixonado.
— Uma gravidez acarreta muitos desafios para qualquer casal e, na adolescência, isso só se complica, mas o senso de responsabilidade e o amor que nutre pelo Tonico só alimentaram a persistência de Tato — opina ele.
Para Gabriela, é uma felicidade rever o nome do casal repercutir entre os amantes da novela:
— As pessoas vão se identificar novamente, porque é um casal que quebra um padrão de mocinha e galã de novela. Keyla é humanizada nas suas atitudes precipitadas e impulsivas de adolescente, fugindo do padrão da mocinha apaixonada. Tato é um menino sensível, delicado, que também foge do estereótipo do galã sedutor.
Na história, em um certo momento, Tato e Keyla ficam um bom tempo separados, mas nada que faça o público esquecer do casal Keylato.
— A gente ficava feliz de ver o reflexo do nosso trabalho e dedicação — diz a atriz.