Uma jovem inquieta e sua relação turbulenta com a mãe. Julgada nos corredores de sua escola de Ensino Médio, Sydney Novak passa a protagonizar atitudes inusitadas, como quebrar a parede do quarto com a força do pensamento. Com essa descrição, Carrie - A Estranha deve ter vindo à sua mente, mas o enredo do seriado I'm Not Okay With This, lançamento recente da Netflix, vai muito além do filme clássico de 1976.
Adaptação de uma graphic novel de Charles Forsman (também autor da HQ The End of Fucking World, outra produção levada ao streaming), I'm Not Okay With This é centralizada em Sydney Novak (Sophia Lillis). Ela vive dias inconstantes em casa desde a morte de seu pai, que se suicidou sem deixar ao menos uma carta. A família ficou sem chão: a mãe de Sydney, Maggie (Kathleen Rose Perkins), decidiu se internar no próprio trabalho para fugir de um simples diálogo sobre o fato; e o irmão Liam (Aidan Wojtak-Hissong) é simpático, mas é vítima de bullying na escola, dando-lhe um ar de insegurança.
O único alento da jovem é a companhia de sua melhor amiga, Dina (Sofia Bryant). No entanto, a parceria começa a enfraquecer quando a colega passa a namorar com o valentão da escola, que duvida de todas as ações de Sydney. Sua salvação está na aproximação com o seu vizinho Stan (Wyatt Oleff), garoto desligado e pouco preocupado com rótulos.
O novo amigo torna-se, sem querer, cúmplice das ações de Sydney. A protagonista consegue fazer objetos se moverem sozinhos e até as prateleiras de toda a biblioteca do colégio são derrubadas pela força do pensamento. Stan presencia algumas desse episódios e ajuda a jovem a se salvar.
Juvenil e tenso
As situações inusitadas transformam Sydney quase em uma versão adolescente da menina paranormal Eleven, de Stranger Things. A cada episódio, é difícil acreditar que a protagonista vá conseguir se safar. Esta aí o grande lance de I'm Not Okay With This: são situações complexas, que causam boas risadas, mas que conseguem se resolver inesperadamente.
Mas só boas risadas se sustenta o enredo. Nos últimos dois episódios, o cenário se torna um pouco fantasmagórico. O desfecho, então, deixa a brecha perfeita para uma continuação à altura.
A personalidade forte de Syd, com um bom humor sempre presente nas narrações dos textos de seu diário (dado por sua insistente psicóloga), conquista o espectador ao longo dos sete episódios de vinte e poucos minutos de duração.
Entre bizarrices da protagonista e dúvidas adolescentes — em alguns momentos, parece que estamos vendo um episódio de Sex Education (outro sucesso recente da Netflix) -, I'm Not Okay With This deve entrar para a lista de séries que merecem vida longa.