
Levantando a bandeira da diversidade de uma forma leve, divertida e bem colorida, a primeira temporada da série Pose, criada por Ryan Murphy, Steven Canals e Brad Falchuk, entra no catálogo da Netflix Brasil neste sábado (28) com o status de vencedora do Emmy 2019 e como uma das séries mais importantes da história da televisão mundial no quesito de representatividade.
Quem conhece Murphy sabe que o óbvio não faz parte do seu vocabulário. Séries como American Horror Story, American Crime Story, Glee e até a bizarra Screem Queens chegaram à televisão mostrando histórias e relações macabras, reais, irônicas e, no mínimo, curiosas.
Em Pose, não seria diferente. Mas, dessa vez, Murphy tinha outro desafio: além de impressionar, ele queria representar. O seriado, que estreou em 2018 no canal norte-americano FX, tem o maior elenco transgênero da história da televisão mundial: são mais de 50 pessoas, na frente e atrás das câmeras, envolvidas na produção. Além disso, o elenco é predominantemente negro: apenas três atores regulares da série são brancos.
As atrizes MJ Rodriguez, Indya Moore, Dominique Jackson, Hailie Sahar e Angelica Ross foram escolhidas para serem protagonistas de Pose em uma seleção que durou seis meses. Todas são mulheres trans, interpretando personagens muito semelhantes com sua própria realidade.
Pose nos mostra como a cultura de bailes revolucionou a comunidade LGBT+ no final dos anos 1980 e início da década de 90. O seriado acompanha a história de Blanca (MJ Rodriguez), mulher transgênero que acolhe jovens LGBTs que foram expulsos de suas casas. Com muita diversão, brilho e aceitação, Pose faz do amor a única arma de combate ao preconceito.

Referências
O seriado foi inspirado no documentário Paris Is Burning, de 1990, o primeiro a mostrar como as comunidades afro-americanas, latinas, gays e transgêneros se acolheram em casas noturnas para fugir do preconceito latente da sociedade e acabaram por consolidar o vogue, estilo de dança que permeou os bailes da época.
Como uma espécie de homenagem, Pose apresenta casas noturnas e personagens que se baseiam muito nas histórias reais contadas no documentário. Entre eles está o dançarino e coreógrafo Jose Gutierez Xtravaganza, um dos grandes nomes do cenário noturno da década de 80, que, no seriado, interpreta um juiz.

Nos bailes mostrados na série, também há semelhanças com o reality de drag queens RuPaul's Drag Race e a recordação de vários estilos musicais que marcaram a época, como a cantora Whitney Houston e o sucesso I Wanna Dance with Somebody.
Epidemia de HIV
Apesar de não ser o foco, Pose não ignora o fato de a década de 80 ter sido marcada pela epidemia do vírus HIV, principalmente entre a comunidade LGBT. A realidade é mostrada, porém sem dor, solidão ou morte, como geralmente é retratada em filmes e produções de TV.
Vários personagens, inclusive, são soropositivos. Entre eles estão o jovem Ricky (Dyllón Burnside) e Pray Tell (Billy Porter). Dois negros, gays, portadores de HIV e com uma grande diferença de idade quebram diversos tabus e preconceitos ao engatarem um romance na segunda temporada da série.
A perfeita e representativa atuação de Porter em Pose lhe garantiu um Emmy de Melhor Ator em Série Dramática no último domingo (22). O artista fez história ao ser o primeiro negro assumidamente homossexual a ganhar na categoria em uma das premiações mais importantes da televisão mundial.

A primeira temporada de Pose possui oito episódios. A segunda temporada, com 10 episódios, terminou de ser exibida nos Estados Unidos no final de agosto. No Brasil, o seriado também passa no canal Fox Premium. A terceira temporada já está garantida.
Assista ao trailer da primeira temporada: