A atmosfera dos anos 1990 está de volta com a nova novela das sete da Globo, que estreia nesta terça-feira, às 19h30min, na RBS TV. Verão 90, trama escrita por Izabel de Oliveira e Paula Amaral, acompanha a trajetória de Manuzita (Melissa Nóbrega/Isabelle Drummond) e dos irmãos João (João Bravo/Rafael Vitti) e Jerônimo (Diogo Caruso/Jesuíta Barbosa). Os três formaram quando crianças o grupo Patotinha Mágica, mas se separaram em meados da década de 1980. O reencontro do trio anos depois despertará sentimentos adormecidos.
– A Manuzita é essa mocinha otimista, corajosa, nada certinha e bem-humorada. Gosto da maneira como a personagem passa pelas circunstâncias da vida. Ela não reclama. Por isso, acho que é uma heroína – adianta Isabelle Drummond.
Manuzita era adorada por todas as crianças do Brasil na infância, mas hoje é aspirante a atriz e sofre por não ter talento. Entretanto, a jovem conta com o apoio incondicional da mãe, Lidiane (Claudia Raia). Enquanto isso, João estuda Comunicação e apresenta um programa de rádio no Rio. Por sua vez, Jerônimo, que vive de bicos, sempre invejou o irmão e o culpa pelo fim do grupo. O sonho de Janaína (Dira Paes), mãe dos rapazes, é vê-los em harmonia, algo que fica praticamente impossível após Jerônimo fugir para o Rio e, em busca do sucesso perdido na infância, criar outra identidade artística, Rojê. Ele ainda é obcecado por Manuzita, que só tem olhos para João.
– Jerônimo, de repente, inventa que é outra pessoa. Então, começa a se portar de um jeito diferente. Só que nem sempre os ajustes acontecem e ele escorrega. Estou fazendo um registro que nunca tinha feito antes. O personagem ainda imprime um pouco desse meu jeito dramático em cena, mas quando o Rojê aparece é aberto, solar e brincalhão – afirma Jesuíta Barbosa.
Verão 90 mostrará a cultura efervescente da época. Há na novela a PopTV, emissora dedicada a videoclipes e criada por Quinzinho (Caio Paduan). O lançamento do canal chamará a atenção de Jerônimo, que tentará se aproximar do filho da poderosa Mercedes (Totia Meireles) para conquistar uma vaga como executivo. A cidade cenográfica da novela faz uma homenagem a Ipanema e Leblon, tradicionais e efervescentes bairros da zona sul carioca, com seus bares, lanchonetes, lojas e galerias comerciais que servem de ponto de encontro para os personagens.
Atração marca retorno de Jorge Fernando
Aos 17 anos, em meados de 1972, Jorge Fernando dava indícios de que o sangue artístico corria pelas veias. Ele transformou em monólogo a peça Zoo Story, de Edward Albee, e passou a encená-la em escolas, praças públicas, barcas e ônibus do Rio, sua cidade natal. O sucesso foi tanto que, em 1978, o espetáculo A História do Zoológico (assim batizado em português) passou das ruas para o palco do Teatro de Bolso Aurimar Rocha, no Leblon. A jornada ascendente estava traçada. O jovem foi convidado pelo diretor André Valli para trabalhar na montagem de A Rainha Morta. Pouco tempo depois, em 1978, entrou para a Rede Globo como ator, no seriado Ciranda Cirandinha. Passou para o cargo de diretor na emissora carioca em 1980, na novela Coração Alado, de Janete Clair. De lá para cá, acumulou uma extensa lista de trabalhos na televisão, no teatro e no cinema. E aí um revés aconteceu.
– Uma sensação horrível. Sempre fui daqueles arianos que nunca iam a médico, achando que era o Super-Homem. No meio do ensaio do Vamp (musical que comandava ao lado de Diego Moraes), fiquei todo torto, com o lado paralisado – relembra ao contar sobre o acidente vascular cerebral (AVC) que sofreu em 2017.
Dois anos se passaram, e a recuperação continua com sessões de fisioterapia e fonoaudiologia. E o retorno ao set de gravação finalmente chegou. Jorge Fernando assumiu a direção artística de Verão 90.
– É uma novela sobre o que já vivemos. Tem o baixo Leblon, o posto 9, as raves, orelhão, ficha de telefone, tudo muito presente e muita música. O barato da história é que tem a Pop TV, que é meio a MTV da época. A gente vai usar muito clipe, cenas de jornalismo e cantores, como a (Maria) Bethânia, o Tim Maia e outros artistas que compõem a trilha – antecipa o diretor.
A temática tem um gostinho especial para ele: as lembranças de novelas marcantes realizadas nos anos que são pano de fundo da novela, como Guerra dos Sexos (1983), Brega & Chique (1987), Que Rei Sou Eu? (1989) e Deus Nos Acuda (1992). A maioria foi exibida na faixa das sete.
– Eu era o rei do horário – garante. – Está sendo uma delícia (dirigir a novela). Sinto que é uma homenagem à minha carreira, à minha trajetória – completa.
Os próximos meses terão rotina intensa, mas Jorge Fernando parece preparado para o tranco. Substituiu a alimentação, parou de fumar e passou a fazer check-ups regulares. Tudo para se adequar à atenção redobrada com sua saúde. A atriz Claudia Raia, amiga há décadas e colega em Verão 90, é uma das que lhe cobram os exames. Precauções essenciais no intuito de seguir em frente com vigor máximo. E o próprio Jorge Fernando decreta:
– Quero continuar trabalhando e não parar tão cedo.