Lançado nos cinemas em novembro de 2016, a cinebiografia Elis ganhou uma versão estendida que será exibida a partir desta terça-feira (8), às 22h15min, na RBS TV, como minissérie em quatro episódios. A produção dirigida por Hugo Prata ganhou corpo com a inclusão de novas cenas e imagens documentais da cantora gaúcha Elis Regina (1945–1982).
Com o subtítulo Viver é Melhor que Sonhar, a minissérie destaca a arrebatadora performance da mineira Andreia Horta como Elis, consagrada com Kikito de melhor atriz do Festival de Gramado.
A minissérie conta com novas sequências gravadas por Andreia e pelos atores Sergio Guizé, como Tom Jobim; Mel Lisboa, na pele de Rita Lee; e Thelmo Fernandes, que interpreta Vinicius de Moraes. Gustavo Machado (vivendo o produtor e compositor Ronaldo Bôscoli), Caco Ciocler (o músico César Camargo Mariano), Julio Andrade (o coreógrafo americano Lennie Dale) e Rodrigo Pandolfo (o jornalista Nelson Motta) são outros destaques do elenco.
Elis marcou a estreia de Hugo Prata como diretor de cinema. Ele diz que desde o início do projeto da minissérie determinou-se que a proposta deveria ir além de fatiar seu filme em quatro partes:
– A Elis Regina é um diamante brasileiro e merece ir para públicos cada vez maiores. Ela realmente participou da construção da cultura desse país. Quando fizemos o filme, não sabíamos que iria virar uma minissérie, então mergulhamos naquilo e foi ótimo. O longa chegou acima da nossa expectativa. Então, foi uma grata surpresa esse convite (da Globo) .
O fio condutor da minissérie é uma entrevista fictícia gravada por Elis, criada a partir de declarações reais da cantora e que seria a última, pouco antes de sua morte, em 1982. Mas também há a cena inédita de um teste que Elis fez diante de Tom Jobim e Vinicius de Moraes e a visita à cantora a Rita Lee na prisão, em 1976.
– Elis e Rita não se conheciam pessoalmente. Mesmo assim, fez questão de vê-la na cadeia e a justificativa ela dá ao marido. Acho que é uma frase que diz muito sobre quem é a Elis: “Uma pessoa que escreve essas coisas que essa menina escreve não pode ficar presa”. É dessa natureza a alma dela. É muito bom quando temos a possibilidade de contar a história de uma pessoa dessa magnitude – diz o roteirista George Moura.
Atriz gravou novas cenas para adaptação
Para Andreia, foi um susto o convite de Prata para reviver a personagem, três anos depois de rodar as cenas para o cinema. Só após pensar um pouco, a atriz viu que o projeto poderia realmente ser ampliado na televisão, ganhar novo público e ficar mais completo, com outras sequências e depoimentos:
– Quando o Hugo me ligou dizendo que faríamos algumas outras cenas, falei: “Não, essa ideia não é boa. Nada a ver. Três anos depois, não tem como”. Mas acabei achando maravilhoso. Pensei que, já que estavam batendo na minha porta, não poderia recusar o convite. É ótimo colocar esse projeto em uma plataforma que distribui para o país inteiro e para o Exterior.
Também não é a primeira vez que Mel Lisboa interpreta Rita Lee. A atriz deu vida à cantora no musical Rita Lee Mora ao Lado e conseguiu abordar outros aspectos da cantora nesse projeto. Segundo ela, no teatro, a personagem era solar mesmo nos momentos mais tristes. Enquanto isso, a Elis da TV está em situação de fragilidade.
– Era um musical, então tinha uma coisa muito para cima. Na minissérie, Rita tinha sido presa, e a Elis vai à cadeia querendo ajudar. Rita está acuada, com medo. Foi uma experiência nova para mim: fazer a mesma personagem, mas em situações diferentes – ressalta.
Jovem que deixou Porto Alegre para semear no Rio de Janeiro a moderna música popular brasileira, mulher de personalidade forte que se impôs em um universo masculino e viveu paixões tão arrebatadoras quanto conturbadas, cantora de voz potente e cristalina que lapidava joias que lhe eram confiadas por talentosos compositores. Todas essas facetas foram contempladas no filme. Sobre a voz das gravações originais da cantora, Andreia imprime uma impressionante força dramatúrgica. Sem se parecer fisicamente com Elis, encarnou a cantora de tal forma que consagrou uma das mais aclamadas atuações da dramaturgia nacional recente.