Se você é noveleiro, com certeza deve lembrar de Tubiacanga ou Greenville. As cidades fictícias já foram cenários para as novelas Fera Ferida (1993) e A Indomada (1997), respectivamente. Esse é o universo mágico criado por Aguinaldo Silva e que voltará ao ar a partir do dia 12, em O Sétimo Guardião. Agora, o novelista vai apresentar ao público Serro Azul, local já citado nas duas tramas anteriores.
Todo o universo de Serro Azul está ambientado numa cidade cenográfica com 18 mil metros quadrados, e 38 edificações. O município é vizinho a Tubiacanga e Greenville, e está localizada entre Minas e o Nordeste. Suas ruas são de pedra e as casas em estilo colonial. A tecnologia de ponta ainda não chegou por lá - não tem celular nem internet. É a típica cidade do interior, cercada por montanhas e muito pacata. Mas embora tenha um ambiente aparentemente tranquilo, guarda muitas peculiaridades. A principal delas é uma fonte com propriedades curativas e rejuvenescedoras, que é a parte mais externa de um gigantesco aquífero, uma enorme reserva daquilo que a cada dia se torna o bem mais precioso da Terra: a água. Essa fonte é protegida por sete guardiães que têm como missão garantir que essa riqueza não chegue às mãos erradas.
- Volto ao realismo mágico em que transitei algumas vezes. Agora, em uma cidade que já foi citada em outras novelas minhas, mas que até então nunca havia aparecido. Espero que o público entre nesse universo conosco. Acredito que o realismo mágico é uma válvula de escape porque a realidade já está difícil há algum tempo - disse Aguinaldo após uma ação com a imprensa, que levou repórteres à cidade cenográfica construída nos estúdios Globo, no Rio de Janeiro.
O bordel, a beata e os guardiões: os tipos característicos de Aguinaldo
Nesse microcosmo rural de Serro Azul, habitam tipos bem característicos do universo de Aguinaldo Silva: beatas, cafetinas e magnatas. A começar pelos sete guardiões que dão nome à trama: o ambicioso prefeito Eurico (Dan Stulbach), o misterioso mendigo Feliciano (Leopoldo Pacheco), o médico José Aranha (Paulo Rocha), o delegado Joubert Machado (Milhem Cortaz), a esotérica Milu (Zezé Polessa), a cafetina Ondina (Ana Beatriz Nogueira) e o solitário Egídio (Antonio Calloni), o guardião-mor.
Enquanto os guardiães se preocupam em proteger a fonte, o restante da cidade está alheio a tudo que envolve esse segredo. Mas isso não faz com que a vida dos moradores “comuns” seja menos movimentada. A beata Mirtes (Elizabeth Savalla), por exemplo, não perde a oportunidade de tumultuar qualquer ambiente em que esteja. Católica fervorosa, ela é a guardiã da moral e dos bons costumes de Serro Azul. E deve bater de frente com Ondina e Milu.
Ondina, aliás, é a dona do local mais agitado da cidade, o Paraíso da Ondina. Ninguém lá sabe ao certo se o hotel serve de fachada ao bordel que a guardiã mantém nos fundos do imóvel, ou se é o contrário. Os estabelecimentos são ligados por um túnel, assim os distintos clientes que frequentam o bar da pousada podem, a certa altura, seguir em direção ao bordel sem levantar suspeitas.
Outro point de Serro Azul é o quiosque BB na Chapa, que fica na praça. Comandado pela família de Nicolau (Marcelo Serrado), o local é o preferido dos jovens.
De volta a Greenville
Para além do que acontece em Serro Azul, o autor já adiantou que Greenville deverá aparecer em O Sétimo Guardião. Se você não recorda, Greenville era a cidade onde se passava A Indomada (1997). Ocupada por ingleses no século 19, o município era uma mistura dos costumes britânicos com o sotaque nordestino, "um pedaço da Inglaterra no Brasil".
Altiva, a megera vivida por Eva Wilma, era uma das que amava expressões em inglês, sem faladas com forte sotaque nordestino.