"Os jovens tem urgência, liberdade, representatividade e igualdade. Queremos respeito para todo mundo". São frases como estas que aqueceram a estreia da nova temporada de Amor e Sexo, na noite desta terça-feira (9), na RBS TV. Com trilha-sonora em homenagem a Gilberto Gil, o programa de Fernanda Lima trouxe uma série de convidados para falar sobre sexo de uma forma descontraída e informativa.
Logo na abertura, o público se deparou com a esposa de Rodrigo Hilbert cantando O Eterno Deus Mu Dança, de Gil. "A gente quer mu-dança O dia da mu- dança A hora da mu-dança O gesto da mu-dança", como diz a música, foi o clima dos debates que vieram nos momentos iniciais.
Na bancada de convidados, o Amor e Sexo recebeu o ator José Loreto, a humorista Mariana Santos, o estilista Dudu Bertholini, o ator Eduardo Sterblitch, a youtuber Jout Jout, a atriz Bruna Linzmeyer, a cantora Bia Ferreira e representantes de causas sociais. No começo, Fernanda Lima puxou o programa para debates sobre a importância de desconstrução do jovem, que precisa lidar com o mundo da tecnologia e cada vez mais se tornou um representante da luta por igualdade em esferas sociais.
— Eles querem o mundo em que afeto acolhimento e respeito seja hino. Amor e Sexo acredita nisso. Queremos respeito para todo mundo — pontuou Fernanda Lima.
Após um debate sobre conceitos diretos de liberdade, protagonismo, a evolução da juventude com o passar dos anos, o protagonismo ganhou força. O destaque ficou para a participação do Slam das Minas, Monas e Monstras, que trouxe uma série de batalhas poéticas sobre o papel da mulher frente à sociedade:
— Abre essa boca mulher, fala tudo o que foi privado, seja dito. Que olhos voem, que corpos libertem-se, que cada palavra acerte o rio dos corações e a mente. Não hiperssexualize as cores. Somos gritos, que acreditam que são; andamos sozinhas de roupas curtas onde quisemos. Todo não é não. Que apressar o passo não seja necessário. Que gritos sejam de luta liberdade e gozo.
Jogos picantes
Para o público interessado em ver os convidados em momentos mais ousados, o Amor e Sexo apresentou dois jogos. O primeiro deles foi o "Tubo da Sarração", em que um grupo de pessoas era convidado a dançar em um corredor fechado. O jogador - com os olhos vendados - tinha que atravessar o tubo dançando e trocar peças de roupa, principalmente quando rolava o clima.
No início, foi a vez de um convidado chamado Ícaro sair do tubo acompanhado de um homem, rendendo um beijo gay inesperado. Depois, uma mulher encarou a disputa, mas negou o seu escolhido. Por fim, o ator Eduardo Sterblitch encarou a brincadeira e também saiu de mãos abanando:
— Sou casado! — justificou Edu, entre risos.
Para fechar a rodada, Fernanda Lima mandou um recado importante:
— Sarração é consentimento. Assédio é violência. Assédio é crime.
O segundo game, o do escorregador de emojis, pediu que Mariana Santos e Edu Sterblitch contassem uma história picante. A regra é que eles deviam seguir a "trama" conforme os símbolos mostrados por Fernanda Lima de forma aleatória. Mariana conseguiu relatar uma sequência sexual engraçada com emojis de hambúrguer, frigideira, lupa, pernas para o alto, nariz, saltos e tapa na cara. Sterblitch, no entanto, não teve a mesma sorte, e acabou engolido pelo escorredor que ia andando conforme a negação do público.
O fim do primeiro bloco e o segundo bloco, no entanto, foram mais calmos. Entre as discussões, os convidados falaram sobre a possibilidade de sexo virtual dar prazer e o quanto a sociedade precisou mudar o conceito sobre o acesso de mulheres a aplicativos de relacionamento.
— É a verdadeira reprodução do machismo a mulher não poder procurar sexo casual — apontou Julia Borges, do movimento Levante Popular da Juventude.
A parte final de Amor e Sexo fez o público refletir sobre o racismo e a padronização de corpos. Advogado voltado para causas étnicas, Bruno Cândido explicou o quanto o mundo precisa redefinir as relações entre centro e periferia e o quanto isto nos afeta. Ele pede mais espaço para os negros, e foi apoiado por outro participante do programa
— A sociedade controla os corpos que tenham marcas não tidas como desejadas: o feminilizado, o trans, o gay, o corpo pobre. É um controle para anular as vidas. O negro tem e merece estar no espaço — reflete o sociólogo Tulio Custódio.
Fernanda Lima encerrou o programa nesta esperança de dias melhores:
— Futuro é justiça, empatia, a gente faz parte da mesma humanidade. Como diz Gilberto Gil, queremos viver confiantes no futuro — disse, sendo embalada ao som de Queremos Saber, de Cássia Eller, na voz da convidada Bia Ferreira.