Brincar com suspense e terror misturando com a comédia é tendência no mundo das séries. Já vieram Scream Queens e Santa Clarita Diet nos EUA, e, agora, é a vez de Vade Retro no Brasil, série de Fernanda Young e Alexandre Machado que estreia nesta quinta-feira, na Globo. Na linha de frente da trama, estão Tony Ramos e a protagonista de primeira viagem Monica Iozzi. Ele é o Diabo em pessoa, o empresário Abel Zebu. Ela é uma mocinha ingênua, a advogada Celeste, abençoada ainda criança por João Paulo II durante visita ao Brasil, em 1991.
Zebu é um palestrante de sucesso, cujos discursos aparecem em quase todos os episódios. A lábia do personagem foi o que atraiu Tony, convidado pessoalmente pelo diretor artístico Mauro Mendonça Filho. Para a caracterização, porém, o ator diz ter fugido de referências, apesar de o seu visual já ter sido comparado com o de Robert De Niro em Coração Satânico (1987):
– Jamais assistiria a qualquer filme que pudesse me remeter a qual figura do Diabo eu gostaria de fazer.
Leia mais
"Vade Retro": combina comédia e mistério
Sala Redenção celebra 30 anos de cinefilia no coração da UFRGS
Em meio à polêmica de agressão, show de Victor e Léo na Fenadoce é cancelado por "reações públicas"
O personagem encontra Celeste ao buscar um advogado para cuidar do divórcio da mulher, Lucy Ferguson (Maria Luísa Mendonça). Ela é perfeita para Zebu por sua ingenuidade, já que ele precisa também de um laranja para seus negócios.
– Ela não desconfia das pessoas, ela primeiro acredita, dá um voto de confiança – comenta Iozzi ao falar da sua única semelhança com a personagem.
Vade Retro conta ainda com o namorado frustrado de Celeste, Davi (Juliano Cazarré), que a trai com a secretária do escritório de advocacia, Kika (Luciana Paes); a carola mãe da protagonista, Leda (Cecília Homem de Melo); a enfermeira/dançarina Lilith (Maria Casadevall); e os filhos de Lucy Ferguson, a adolescente gótica Carrie (Nathália Falcão) e o endiabrado Damien (Enrico Baruzzi), fruto do casamento com Zebu.
A própria Celeste alerta, na série, para o fato de Damien ser o nome do filho do demônio no filme A Profecia (2006). Carrie também é uma referência, de Carrie, a Estranha (1977). O que não faltam são pequenas brincadeiras com filmes de terror, começando pelo método de filmar, o "one-point perspective", em que um objeto ou personagem é colocado no centro da imagem, técnica imortalizada por Stanley Kubrick.
– É legal brincar com referências. Tentamos achar uma estética para mostrar que é comédia – diz Mendonça Filho, que destaca que a trama está mais para comédia do que para terror.
Além da obra de Kubrick e outros clássicos do terror, o diretor se diz também inspirado por quadrinhos. Na série, São Paulo será vista como a Gotham City das histórias do Batman.
– Um lugar que a gente acha que é Nova York, mas não é – assegura o diretor.
Vade Retro, que terá ao todo 12 episódios exibidos sempre às quintas-feiras, após a novela das 21h, vai também passar por questões religiosas. Tudo, porém, com respeito, segundo Fernanda Young.
– A comédia é um recurso bem-vindo para refletir sobre questões que devem ser pensadas, e o humor tem que ser leve – afirma Fernanda. "Em momento algum desrespeitamos nada, não é a nossa intenção. Somos iconoclastas, mas extremamente bem-educados."
* Estadão Conteúdo