Desde março de 1972, o meio-dia dos gaúchos tem uma tradição: tal qual o arroz de carreteiro ou o churrasco, o Jornal do Almoço solidificou-se como hábito de parte da população do Estado. Após 45 anos de sua estreia, celebrados na segunda-feira passada, o telejornal segue em alta na preferência dos telespectadores gaúchos. Segundo medição do Kantar Ibope Media, o programa local mais antigo da RBS TV registrou 22,7 pontos de audiência na Grande Porto Alegre no ano passado, a maior média anual na região desde 2000.
Além da marca excelente, o programa segue exercendo sua função pública, conforme explica o diretor de Jornalismo da RBS TV, Cezar Freitas:
– Nós consideramos que o JA é a praça pública onde os gaúchos discutem os seus problemas e soluções, além de ver os grandes feitos e os personagens que são referências para nosso povo. Uma praça tem que estar sempre aberta e interagir com quem vai lá. Temos experimentado outros formatos e buscado conteúdos que façam sentido para as pessoas e as ajudem em seu cotidiano, exercendo o nosso propósito: transformar vidas.
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A rotina de Cristina Ranzolin no comando do JA
Com a presença de fãs, "Jornal do Almoço" celebra 45 anos
Um exemplo dessa premissa de "praça pública" é o quadro de entrevistas JA Ideias, que estreou em 2016. No espaço, é promovido o debate de temas que impactam as comunidades. Ao longo dessas quatro décadas, o JA foi tornando-se cada vez mais próximo do seu público. Um fator importante que contribui para isso é a linguagem informal do programa.
– A linguagem do JA sempre foi muito coloquial e evoluiu com o tempo. Passamos a ter uma linguagem mais humana, bastante preocupada com o conteúdo – ressalta Cezar.
Há quase 21 anos no comando da atração, Cristina Ranzolin acredita que outra virtude do Jornal do Almoço é sua capacidade de renovação.
– Conseguir atender as demandas de cada tempo e ir se adaptando é o segredo do JA. O programa evolui sempre com humanidade e com personagens que representam de alguma maneira o público do RS.
Tudo isso contribuiu para torná-lo um "companheiro dos gaúchos".
– É como um amigo que está ali para ajudar as pessoas a saberem o que está acontecendo e para ajudá-las a terem um dia melhor – explica Cristina.
Afeto do público
Essa intimidade leva os telespectadores a criarem laços afetivos com o programa, como é o caso de Maria Lúcia dos Santos, 56 anos – fã do JA que participou no estúdio da edição comemorativa de 45 anos.
– O Jornal do Almoço integra minha vida há muito tempo. Juntava a família toda em volta da mesa e assistia ao jornal desde a época da Maria do Carmo, Paulo Sant'Ana, Lasier Martins, Laura Quadros, aquele povo antigo. Faz parte da gente, não tem como fugir disso – relata Maria Lúcia.
Sara Lessa, 32 anos, também foi convidada da edição especial de aniversário. Ela corrobora com Maria Lúcia:
– Sempre tive o hábito de assistir desde criança o jornal. Desde ali virou rotina pra mim: na hora do almoço, eu e minha família nos reunimos e assistimos ao jornal.
O telejornal também tem fôlego com as novas gerações:
– Desde muito pequena eu o assisto. É um programa sagrado na hora do nosso almoço, na hora que a família se reúne. E a gente sempre gostou do Jornal do Almoço pelo fato de ser muito diversificado, por ter muita dica e conteúdos legais e novos – assinala Camilla Switter Ferreira, 18 anos, que também estava presente no aniversário do JA.
Para Cezar, o Jornal do Almoço é resultado de 45 anos de convivência com as famílias do Rio Grande do Sul:
– É uma missão muito importante: fazer bom jornalismo e atender aos interesses da população. Nós esperamos continuar honrando essa confiança e afeto.