Combinando fantasia e comédia, Desventuras em Série chega à Netflix nesta sexta-feira, em oito episódios. Adaptação dos 13 livros infantis lançados entre 1999 e 2006 por Lemony Snicket (pseudônimo de Daniel Handler), o seriado acompanha os infortúnios dos irmãos Baudelaire: Violet (Malina Weissman), 14 anos, Klaus (Louis Hynes), 12, e a bebê Sunny (Presley Smith). Após seus pais morrerem em um incêndio, eles são enviados para morar com um parente distante, o Conde Olaf (Neil Patrick Harris), um cruel ator de teatro cuja intenção é pôr a mão na herança dos irmãos azarados. Ao chegar no novo lar, o trio é posto para executar trabalhos forçados na casa desse suposto tio. A partir daí, os irmãos tentam escapar do tutor e investigar a morte misteriosa de seus pais. Disposto a ficar com a fortuna dos Baudelaire, Olaf passa a persegui-los sob os mais variados disfarces.
Conhecido por ter vivido o lendário Barney Stinson em How I Met Your Mother, Harris agora vive um vilão caricato, com trejeitos exagerados, mas sem perder a verve do humor. Durante a Comic Con Experience, realizada em dezembro em São Paulo, o ator analisou a maldade de Conde Olaf:
– Uma das razões para querer fazer esse papel é que ele não tem nada a ver comigo. Foi uma transformação total. O personagem é a representação do mal, mas também muito divertido ao mesmo tempo. Olaf não tem nenhuma noção das coisas, nenhum filtro.
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Contando com o surreal em sua essência e, muitas vezes, um clima sombrio, uma das primeiras impressões que se tem ao assistir Desventuras em Série é que a atração poderia ser algum especial infantil que Wes Anderson e Tim Burton produziram juntos. Muitos elementos característicos dos dois cineastas podem ser conferidos na série – como cenários artificiais, simetrias na composição e ângulos retos, além do uso de cores ensolaradas nas cenas leves das crianças (características dos filmes de Anderson) e tons mórbidos e soturnos (de Burton) em seus momentos difíceis. O responsável por essa harmonização é o diretor Barry Sonnenfeld (MIB: Homens de Preto e A Família Addams), que já havia atuado como produtor executivo do filme de Desventuras em Série (2004). Na nova adaptação, ele voltou a trabalhar como produtor e dirigiu quatro episódios.
Série pode agradar adultos e crianças
Apoiando-se em diálogos rápidos e flertando com o humor negro, além de contar com uma narração irônica de Lemony Snicket (Patrick Warburton), a série não é necessariamente infantil ou adulta.
– Pode agradar de crianças a vovôs – comenta Harris.
A adaptação cinematográfica de Desventuras em Série foi estrelada por Jim Carrey, com participações de nomes como Meryl Streep e Jude Law – e ganhou o Oscar de melhor maquiagem. Na Netflix, cada livro será adaptado em dois episódios (esta primeira temporada tem oito capítulos). Por isso, segundo Harris, a versão cinematográfica é “um pouco injusta” com Carrey.
– Eles tiveram que condensar todos os livros em um só. Os produtores me disseram para não assistir ao filme, mas assisti mesmo assim. Não queria fazer algo visualmente muito similar ao que Jim Carrey fez. Por isso, tentamos coisas diferentes – afirma o ator.
Um exemplo dessa diferenciação está nos momentos musicais protagonizados pelo performático Harris, que canta e dança – algo que Carrey não fez no filme.
O enredo é similar ao do longa. Procura desenvolver mais a interação dos irmãos Baudelaire com personagens secundários. Contudo, a série apresenta um gancho já no final do primeiro episódio que se distingue bastante dos rumos da história projetada no cinema.
DESVENTURAS EM SÉRIE
Primeira temporada da série em oito episódios. Disponível a partir desta sexta. Netflix.