Chamem de ironia do destino, chamem de piada sem graça. No episódio mais divertido desta temporada de MasterChef Brasil, quem pagou o pato acabou sendo o candidato que vinha sendo o alívio cômico da nervosa competição: o analista de controladoria Fernando, um paulista de 31 anos que sempre demonstrou bom humor, sempre teve presença de espírito (foi sensacional na terça-feira quando ele emendou o comentário de um dos jurados, dizendo: "Perdi o foco da vida") e, não raro, protagonizava trapalhadas. É verdade que ele foi embora merecidamente. Na prova da eliminação, em que, inspirados pela chef gaúcha (ênfase no "gaúcha": coisa linda aquele sotaque, tchê!) Helena Rizzo, os concorrentes precisavam ser inovadores e transformar uma guarnição – como abóbora, beterraba, banana da terra – em protagonista, Fernando apresentou um prato todo desconjuntado de palmito. Até o prato em si era feio. Parecia uma pia de banheiro de shopping.
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Sua palmitada incoerente ficou, visivelmente, abaixo do nhoque de beterraba com fundo de espinafre da Luriana e da receita com casca, polpa e semente de abóbora do Pedro. Mesmo que esses dois competidores tenham cometido erros, eles pelo menos tiveram uma ideia bem mais interessante, o que era um dos critérios de avaliação ("Quero que vocês me contem uma história", pediu Helena, que, a propósito, reinventou o caju ao mostrar no programa um ceviche de caju e caju de sol; uma amiga, decerto acostumada às latinhas e saquinhos, nem sabia que caju era daquele tamanho). E, claro, ficou léguas abaixo dos dois melhores pratos, o da Bruna, que surpreendeu a chef convidada ao fazer couve-flor em forma de arroz, e o do Leo, uma abóbora com caldo de carré de cordeiro. Mas Fernando vai deixar saudade. A dinâmica dele com os jurados, especialmente com Jacquin, era digna de uma sitcom. Foi por causa de Fernando que o francês emplacou mais uma definição impagável, ao examinar seu prato desconexo:
– Parece que uma cabeça de palhaço explodiu.
Se, de modo geral, os candidatos mostraram criatividade na prova de eliminação, a turma toda não foi tão bem na primeira parte do episódio, a das pizzas. Não vi nada demais nas coberturas, e os 50 italianos e descendentes de italianos convidados para a avaliação não pouparam a língua: na terra deles, aquelas pizzas queimadas seriam devolvidas para a cozinha.
Falando em dar uma queimada: sentiram a rivalidade da Raquel com a Bruna? Quando, na prova de eliminação, a mineira disse que estava preparando uma masala de especiarias, a Raquel comentou:
– Masala nada. Está fazendo é um curry. Falou besteira.
Depois, quando a Ana Paula Padrão elogiou Bruna por ter sido a escolhida por Helena Rizzo para subir ao mezanino, Raquel – que havia vencido a prova da pizza – não perdeu o embalo:
– Eu já estava aqui em cima...
Hashtag tenso.
Agora, onde a patota deitou e rolou nesta terça-feira foi em fazer humor. Todo mundo arriscou uma pitada de ironia (como no caso da Raquel), uma tirada espirituosa (vide Fernando), uma frase de efeito ("Quem não tem plano A, caça com plano B de Bruna"). Miravam sorrisos, ainda que alguns possam ter nos irritado. Sim, estou falando da Paula. Ok, como fã de quadrinhos de super-herói, tive de curtir quando ela rotulou o Fernando de "X-Men do desastre". Mas o que era aquela dancinha à la Friends? E que xaropice aqueles cumprimentos em italiano. Mas nada supera seu depoimento sobre a Helena Rizzo. Tão cedo meus ouvidos não vão esquecer:
– Estou com os quatro pneus arriados. Marido, desculpe. É tesão intelectual!
P.S. 1: preparados para mais uma noite de MasterChef Brasil nesta quarta-feira?
P.S. 2: os nove candidatos restantes são razoavelmente regulares. Difícil apontar quem será o próximo a sair.
P.S. 3: em compensação, parece cada vez mais claro que as favoritas são Raquel e Bruna – sinto que elas são mais seguras do que a Luriana. Mas vejo o Leo correndo por fora.