Vilões, pelo visto, são o grande desafio na carreira de Mateus Solano. No ar como o inescrupuloso José Maria Rubião, de Liberdade, Liberdade, o ator ainda é reconhecido pelo marcante Félix, de Amor à Vida. Se, na novela das nove exibida em 2013, o personagem ganhou a redenção ao final – tendo protagonizado com Thiago Fragoso o primeiro beijo gay em tramas da Globo –, no atual papel isso parece distante.
A partir de segunda-feira, o folhetim das 23h, exibido pela RBS TV, vai passar por uma virada. Joaquina (Andrea Horta) terminará seu noivado com Rubião, o que fomentará o desejo de vingança do intendente. Gravando em ritmo intenso, Solano encontrou um tempo para conversar com ZH por e-mail sobre o trabalho.
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Embora seja uma novela de época, Liberdade, Liberdade tem um tema atual. Como é retratar aquele período da história justamente neste momento do país?De alguma forma, todas as tramas vão ter um parentesco com o que estamos vivendo, senão o público nem se interessaria. Mas, sem dúvida, o mais bacana é você dar uma chacoalhada e levar quem está assistindo a pensar: "Meu Deus, há 200 anos era assim e continua assim". As pessoas veem os personagens sujos ali, sem saneamento, sem luz. Hoje temos tudo isso, e ainda espancam as pessoas.... Saúde, educação e cultura são o que nos faz sermos humanos. Senão, daqui a pouco, voltaremos a ser neandertais.
Você tem feito cenas fortes na pele do Rubião, como aquela na qual ele bateu na própria mãe. O que podemos esperar do personagem nos próximos capítulos?
É o que estamos vendo: Rubião duas caras, tentando conquistar Joaquina e mostrando um homem que não é. Ao mesmo tempo, nós, espectadores, vemos a figura de um homem frio, sem coração, nenhum escrúpulo e absolutamente oportunista. Quando ela terminar o noivado, ele vai redobrar os esforços para conquistá-la. Acredito que Rubião tem uma relação de caça com a Joaquina. Não é que ele não seja apaixonado, mas no seu vocabulário não existe amor, só posse. Como alguém disse no Twitter outro dia, ele vai continuar no "xaveco do século 19" (risos).
Como foi compor esse personagem?
Trocamos muito entre nós. O Vinicius Coimbra, diretor, sempre foi muito aberto. Aquela história do Rubião passar a moeda entre os dedos foi uma invenção minha. Sugeri que ele tivesse um tique e fiquei um mês e meio ensaiando para fazer isso! No início, pensamos que o Rubião teria um figurino militar, mas ele não tem e surgiu esse Drácula! (risos) Isso diz muito sobre o personagem.
Quais as dificuldades em fazer uma novela de época?
Rubião é monocromático, o que é um grande desafio para mim. Ele tem uma cor muito forte, muito pesada que o acompanha. Tudo muito sombrio, diferente do que já fiz. Fico feliz com a resposta positiva do público, na internet tenho muito esse termômetro. Logo depois do primeiro beijo com a Joaquina, vi um meme que dizia: "Joaquina é que nem a gente, também tem o dedo podre".
Em uma entrevista você disse que "os atores gostam de cenas em situações limite". Tem vivido muito isso em Liberdade, Liberdade?
Imagina: gravo com um falcão! Pelo menos dele eu não caio (durante as gravações, o ator caiu de um cavalo). É um desafio, mas é um barato! São dois, o Hunter e o Maximus, um mais agitado e, outro, menos.