Uma das figuras mais carismáticas e excêntricas da comunicação do Estado, Alberto Tofani, conhecido como Xicão Tofani, morreu nesta sexta-feira (5), aos 72 anos. Segundo a direção da Rede Pampa, ele estava sofrendo de uma doença autoimune, chamada Doença de Chron, e havia se afastado do trabalho há cerca de dois meses para realizar um tratamento. Nessa sexta, por volta das 18h, teve um infarto fulminante e faleceu em sua casa, em Porto Alegre.
Amigo de Xicão, Idair Zilio, 65 anos, diz que o comunicador passou por uma cirurgia há cerca de trinta dias no Hospital de Clínicas, na Capital, que havia sido um sucesso.
— Ele teve que tirar parte do intestino, mas se recuperou super bem. Estava em casa há 12 dias. Estava maravilhoso, não tinha nada, inclusive já fazia fisioterapia. Mas hoje à tarde, infelizmente, teve um infarto fulminante assistindo ao jogo de Portugal e França — conta.
A cerimônia de despedida está prevista para começar às 8h deste sábado (6), na capela nove do cemitério João XXIII, no bairro Medianeira, em Porto Alegre. O término do sepultamento será por volta de 17h.
A Rede Pampa emitiu uma nota destacando a contribuição de Xicão. "O comunicador completou mais de 40 anos de carreira como comunicador de rádio e TV. Em 2018, lançou sua biografia, Xicão Tofani: Além da noite. No ano passado, relatou sua luta contra a covid na obra “Da morte para a vida - A odisseia de Xicão Tofani", diz o comunicado.
Atualmente, Xicão era integrante da bancada do programa Atualidades Pampa e atuava há duas décadas e meia na emissora.
Trajetória
Xicão se destacou desde os primeiros anos de vida. Aos quatro anos, foi eleito a criança mais bonita de Porto Alegre, em um concurso de beleza de uma marca de cosméticos. Nos anos 1980, foi considerado um dos três melhores modelos do Rio Grande do Sul. No mesmo período, integrou o elenco de figurantes do programa Planeta dos Homens, de Jô Soares, em uma breve passagem pelo Rio de Janeiro.
Antes de trabalhar na televisão, Tofani atuou como promoter de casas noturnas da Capital e morou um ano na Europa, quando namorou uma modelo que era vice-Miss Mundo. Ao retornar ao Brasil, formou-se pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em História e Jornalismo, e acabou entrando para o mercado de produção audiovisual.
Ainda atuando como promoter em festas, sugeriu a criação de um programa em formato de concurso de beleza, o Miss TV. O projeto foi aceito pela TV Bandeirantes e ficou 10 anos no ar. Tofani revelou que mais de 1,2 mil modelos passaram pela atração.
Depois do Miss TV, o comunicador iniciou a vida no rádio, na então Universal FM (hoje Continental), rádio do Grupo Pampa, no qual trabalhou por quase 30 anos. Dividiu os microfones com nomes como Clóvis Duarte e o agora deputado federal Bibo Nunes.
Sua personalidade também foi eternizada na comunicação gaúcha quando, em 1993, deu início ao Programa Xicão Tofani, na TV Pampa. Durante os quase 15 anos em que ficou no ar, a atração mostrou eventos sociais, festas e a vida noturna da Capital.
A noite era o período preferido do comunicador, que tinha o hábito de acordar tarde. Mas esse era apenas um dos traços marcantes de sua personalidade. Ele era facilmente reconhecido pelo uso de óculos escuros, mesmo após anoitecer, e por usar um relógio em cada pulso, característica que adotou após namorar uma mulher que vivia em outro fuso horário. Com o hábito, passou a colecionar o objeto. Tofani também fundou sua própria marca de roupas, cujo nome traz suas inicias, XT.
A experiência na vida noturna o levou a escrever um livro, Vivendo a Noite com Xicão Tofani, lançado em 2019. Tofani também era um apaixonado por Fórmula 1, pois considerava o estilo de vida dos pilotos como um exemplo, e preferia acompanhar o futebol internacional. Ainda na infância, criou um apreço pelo Boca Juniors, seu time favorito em jogo de botão.
Nos últimos anos, o comunicador convivia com a Doença de Crohn, uma enfermidade que afeta o revestimento do intestino, ainda sem cura conhecida. Em 2020, ele ficou 40 dias internado com covid-19 e, desde então, convivia com sequelas da doença.