Uma equipe do Itaú Cultural esteve no Teatro Renascença, em Porto Alegre, na noite desta quarta-feira (16), para tirar dúvidas de artistas sobre o Rumos, um dos maiores editais privados de financiamento para projetos culturais do país. Nesta edição, serão contempladas as propostas que buscam aporte financeiro para a parte de criação de uma obra artística ou intelectual. As inscrições podem ser realizadas até 22 de setembro, no site do edital rumositaucultural.org.br.
Cada projeto poderá receber até R$ 100 mil brutos — propostas com valor acima desse limite serão invalidadas. Segundo as gerentes de projetos do Itaú Cultural, Tânia Rodrigues e Anna Paula Montini, serão beneficiadas quaisquer linguagens artísticas, em qualquer tipo de mídia e suporte, desde que relacionadas à cultura brasileira.
Consultora jurídica do Rumos, Anna Paula diz que houve uma mudança no perfil do edital deste ano em relação à última edição, realizada entre 2019 e 2020. Focar na parte de criação é uma forma de incentivar artistas a tirarem suas ideias do papel, uma demanda que, segundo ela, tornou-se ainda mais necessária após a pandemia.
— Ouvindo especialistas e a comunidade artística, percebemos que um edital que olhasse só para a parte de criação artística era um diferencial frente a outros editais. O Rumos não foca no produto, na circulação, é somente para a criação artística. Queremos que o artista tenha tempo de criar, de realizar o seu desejo através do edital — diz.
Mas é importante detalhar a proposta de forma clara, inclusive explicando por que o projeto precisa da quantia solicitada. A recomendação que as gerentes fazem é para que sejam indicados os gastos com figurino, cenário e equipamento, só para citar exemplos. Ser criativo e argumentar os motivos pelos quais a proposta fará diferença caso seja selecionada conta a favor.
— É importante pensar como o artista contará a história do seu projeto para a comissão que irá analisar as propostas. Como tornar essa ideia agradável? Não precisa de escrita rebuscada ou acadêmica. Escrevam de forma a cativar — diz Tânia.
Não há restrição a projetos que já são contemplados por outros editais ou leis de incentivo. Também não é obrigatório que, após obter recursos pelo Rumos, os beneficiados apresentem um produto final.
— Não exigimos um produto materializado, como CD ou DVD. Também não há contrapartidas obrigatórias, nem mesmo contrapartida social. Se é inerente do projeto a contrapartida social, um benefício social para uma comunidade, bacana, mas não precisa encaixar uma para conseguir ser selecionado — explica Anna Paula.
Não existe cota para cada Estado ou teto máximo de valor para o edital deste ano. Ainda assim, os responsáveis por analisarem as propostas tentarão contemplar artistas de todas as regiões do Brasil.
— Temos um olhar muito atento, com muitas leituras para os projetos, para que o conjunto de contemplado seja plural — garante Anna Paula.
O edital Rumos existe há 26 anos e já contemplou cerca de 1,5 mil propostas. Na última edição, recebeu em torno de 11 mil inscrições, tendo selecionado 90 projetos.