Eleito um dos cinco neurocientistas mais influentes do mundo pela revista Nature, Rafael Yuste sobe ao palco do Teatro Unisinos (Av. Dr. Nilo Peçanha, 1.600), em Porto Alegre, nesta quarta-feira (5), às 20h, como terceiro conferencista do Fronteiras do Pensamento. Nascido em Madri, na Espanha, ele vive atualmente nos Estados Unidos, onde coordena um dos estudos mais ambiciosos do mundo.
O Brain Research Through Advancing Innovative Neurotechnologies ("Pesquisa do cérebro por meio do avanço de neurotecnologias inovadoras", em tradução livre) é uma investigação científica que procura mapear o funcionamento do cérebro para entender como os seres humanos pensam, aprendem e como registram as lembranças. A iniciativa também pretende encontrar as causas e os caminhos para o tratamento de doenças como depressão, epilepsia, Alzheimer e Parkinson. O projeto recebeu US$ 1,6 bilhão (cerca de R$ 7,7 bilhões) em investimento da Casa Branca.
Um dos principais pontos que Yuste irá levantar em Porto Alegre é o desenvolvimento da neurociência e seu impacto positivo na medicina, na economia e na sociedade. Mas também falará da garantia dos direitos humanos, já que a neurotecnologia pode ser usada para manipular processos mentais e alterar o significado de ser humano.
— Para canalizarmos de maneira benéfica o impacto da neurotecnologia sobre a sociedade, defenderei o acréscimo de novos direitos humanos, chamados neurodireitos, à Declaração Universal de Direitos Humanos e outros tratados internacionais de direitos humanos. Concluirei discutindo a utilização dos direitos humanos como marco de referência para a regulação de tecnologias digitais, incluindo a internet, as redes sociais, a inteligência artificial, o controle e a vigilância, a robótica e o metaverso. Isso poderia garantir que essas novas revoluções tecnológicas sejam canalizadas em prol da humanidade — diz Yuste.
Ele chegou a liderar o Morningside, grupo responsável por elaborar propostas no campo dos direitos humanos a fim de proteger a sociedade de ameaças neurotecnológicas. Composto por uma equipe de médicos, especialistas em ética, neurocientistas e cientistas da computação, incluindo engenheiros do Google e startups de neurotecnologia, o Morningside desenvolveu diretrizes éticas para tecnologias emergentes de implantes neurais e inteligência artificial. Segundo Yuste, à medida que a interface cérebro-computador se tornar mais sofisticada, deve se conectar diretamente com a inteligência da máquina, permitindo que uma pessoa com implante supere as atuais capacidades humanas de agilidade mental e resistência.
Além de coordenar o Brain Research, Yuste é diretor do Centro de Neurotecnologia da Universidade Columbia, onde leciona Ciências Biológicas e Neurociências. Também contribui com projetos na União Europeia, China, Japão, Austrália, Coreia do Sul, Canadá, Austrália e Israel para a formação do IBI (Iniciativa Internacional do Cérebro).
A primeira convidada do Fronteiras do Pensamento neste ano foi a escritora espanhola Rosa Montero, que veio a Porto Alegre no dia 31 de maio. Depois dela, foi a vez de Nadia Murad, no dia 21 de junho. Os próximos convidados serão o filósofo político americano Michael Sandel (9 de agosto), o teórico da mídia norte-americano Douglas Rushkoff (13 de setembro) e o arqueólogo britânico David Wengrow (4 de outubro). Ainda é possível se inscrever para a temporada pelo site do evento, o que dá acesso à gravação das palestras presenciais já realizadas e aos demais conteúdos online da plataforma.
O Fronteiras do Pensamento tem o patrocínio de Hospital Moinhos de Vento, Sulgás e CMPC, parceria cultural da Casa da Memória Unimed Federação/RS, parceria acadêmica da Unisinos, parceria educacional do Colégio Bertoni Med, parceria institucional da Prefeitura de Porto Alegre e do Instituto Unicred, serviço médico Unimed Porto Alegre, promoção do Grupo RBS e realização da Delos Bureau, uma empresa do Grupo DC Set especializada em entretenimento cultural.