O humorista Léo Lins teve seu especial de comédia, Perturbador, retirado do YouTube por decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo nesta terça-feira (16). No vídeo, o comediante de 40 anos fazia piadas com temas como escravidão, perseguição religiosa, minorias, pessoas idosas e com deficiência. A medida cautelar atende a um pedido do Ministério Público de São Paulo.
O próprio humorista, que já esteve envolvido em diversas polêmicas por conta de suas piadas, confirmou a informação nas redes sociais e, desde sábado (13), fez uma "contagem regressiva" para a remoção do conteúdo da plataforma.
"Faltam 180 minutos para abrir um precedente perigoso para a comédia, ou melhor, a arte em geral", escreveu em uma postagem. Em outro momento, ele afirmou que "este processo tem consequências absurdas" e adiantou que seu advogado "já está entrando com uma defesa".
A gravação do show de stand-up foi realizada em Curitiba para aproximadamente 4 mil pessoas e o vídeo na plataforma somava mais de 3 milhões de visualizações, de acordo com o humorista.
A equipe de Léo Lins afirmou que a defesa vê as medidas como "censura" e afirmou que "já está preparando as medidas cabíveis" junto ao TJSP, relatou o g1.
"Não existe censura do bem", defende Porchat
Em seu perfil do Twitter, nesta quinta-feira (17), o apresentador e também humorista Fábio Porchat criticou a decisão da Justiça e saiu em defesa de Léo Lins.
"Ah, mas faz piada com minorias… E qual o problema legal? Nenhum. Dentro da lei pode-se fazer piada com tudo, tudo, tudo. Não gostar de uma piada não te dá o direito de impedir ela de existir. Ainda mais previamente. Impedir o comediante de pensar uma piada é loucura. Mesmo que você não goste desse comediante, mesmo que você despreze tudo o que ele diz, ele tem o direito de dizer. Ele tem o direito de ofender. Não existe censura do bem", escreveu ele.
"Se cada pessoa que se ofender com uma piada resolver tirar ela do ar não sobra um Joãozinho, um papagaio, um argentino. Para mim democracia não é um regime para você defender as suas ideias, mas para quem você não concorda poder defender as delas. Não confundam 'não gosto dele' com 'ele não pode falar'. Não entrem nessa conversa com a emoção, entrem com a razão", concluiu.
No debate na rede social, o jornalista William De Lucca rebateu:
"'Dentro da lei'. Pronto, Porchat, tu chegou no ponto: tem lei. E tem lei que regula o que é discurso de ódio, machismo, racismo, misoginia, xenofobia, intolerância. Não tem lei pra censurar piada, poesia, livro, palestra, mas TUDO que se fala está sob o jugo da lei. TUDO".