Por não acreditar que o esporte esteja desassociado de questões fundamentais da comunidade, como segurança, educação e saúde, tenho a convicção de que Caxias do Sul pode mais. É só olhar para dentro de si. Existem profissionais capacitados em diferentes modalidades, jovens com potencial, público para acompanhar os eventos quando eles ocorrem e, principalmente, locais aptos para recebê-los. Muitas vezes, o que mais falta é o incentivo, o passo adiante.
O Estado como um todo ainda vê a prática esportiva, seja ela na infância, adolescência ou vida adulta, como um lazer. Ou, no máximo, uma forma de se desconectar do trabalho ou dos estudos. Não existe uma política esportiva. Dificilmente em período eleitoral se trata do esporte como um tema importante. E isso se reflete aqui e em muitos outros lugares do Brasil.
A cidade na qual nasci, estudei e trabalho até hoje me levou ao esporte. Desde muito cedo, antes mesmo de ser jornalista, acompanhava meu pai pelos estádios e ginásios. Do futebol amador ao squash. Do tênis à bocha nas comunidades do interior. Por aqui, além da óbvia grandeza de Caxias e Juventude, vi jogos marcantes de futsal, vôlei, basquete e handebol, entre tantas outras modalidades.
Aliás, o esporte se não é o maior, é um dos grandes divulgadores de Caxias do Sul para o Brasil. E aí não falo apenas do Juventude na Série A do Brasileirão ou do Caxias, na Série D. Cito isso para relembrar que a cidade pode, deve e merece ver o esporte caxiense de outra forma. Não dá para deixar apenas na memória os grandes momentos da Enxuta e do Vasco, no futsal, da UCS, no vôlei e no handebol. É preciso fomentar a participação das crianças desde os anos iniciais – e os Jogos Escolares de Caxias são um exemplo para o país –, e ter equipes de alto rendimento, nas mais diferentes modalidades, que possam servir de espelho aos mais jovens.
Isso não é gasto para uma cidade. É investimento, na formação de pessoas melhores. Muitos não serão atletas no futuro, mas o ambiente esportivo é sim algo que precisa ser vivenciado por todos.
A Caxias do Sul que eu celebro e quero para o futuro tem mais esporte, mais cultura e lazer, mais diversidade. Se não dá para mais jogar bola na rua como antigamente, que os espaços públicos sejam tomados e tragam para a nossa cidade um pouco dessa transformação.