Luzes coloridas, música alta e passaporte vacinal. O decreto do governo do Estado publicado em 30 de setembro liberou a retomada das pistas de dança nas casas noturnas do Rio Grande do Sul, em medida vigente desde 1º de outubro. Embora haja restrições quanto ao consumo de bebidas e comidas — que devem ser feitos somente com o público sentado — e seja exigido o distanciamento interpessoal mínimo de um metro, de três casas visitadas pela reportagem de GZH entre a noite de sexta-feira (22) e a madrugada de sábado (23), somente uma atendia a todos os critérios sanitários. Os locais foram escolhidos de acordo com disponibilidade de ingressos.
Confira a trajetória da reportagem:
21h30min: A primeira parada foi no Cabaret, localizado no Centro Histórico. Logo na entrada, foi pedido o comprovante de vacinação e a carteira de identidade, seguidos de breves orientações de protocolos que devem ser seguidos no local. Em conformidade com a legislação, foi solicitado o uso de máscaras para circular e na pista de dança, localizada no segundo andar do prédio. A regra foi seguida pelos clientela. Entre as mesas, o distanciamento de um metro também foi feito.
23h30min: Já na Nuvem, estabelecimento do bairro Cidade Baixa, o cenário encontrado foi diferente. Embora fosse exigido o passaporte vacinal na entrada, não foi dada qualquer orientação em relação aos protocolos sanitários. Na pista e no bar não havia nenhum cliente utilizando equipamento de proteção, enquanto jovens divertiam-se sem manter distanciamento. Além disso, os clientes circulavam sem máscaras pelo local, subindo do primeiro até o terceiro andar — onde fica o fumódromo — sem receberem qualquer aviso.
A reportagem questionou os funcionários no local sobre o descumprimento das medidas previstas em decreto estadual. Eles pediram que fosse enviado um e-mail para solicitar esclarecimento. GZH enviou o pedido no início da manhã deste sábado, e aguarda retorno.
00h30min: O último lugar visitado foi o Tabu 386, no bairro São João, no qual também foi preciso apresentar o certificado de vacinação. Passada uma porta corta-fogo, o local estava repleto de jovens sem máscaras, alguns com bebida, outros não, dançando. No fumódromo, os clientes também não mantinham distanciamento, circulando sem máscara entre um local e outro.
A proprietária do local, Keite Furlanetto, afirmou que é exigido dos clientes que utilizem a máscara. Ela afirma que o público não respeita as orientações.
— A gente passa e solicita isso (o uso de máscara) a todo o momento. Só que como as pessoas já estão consumindo álcool... é aquela coisa. Tu chega e diz "querido, levanta a tua máscara", ele levanta na nossa frente. A gente vira de costas, ele tira a máscara e está com um copo na mão. A grande maioria fica nesse sistema de vai e vem da bebida e tiram a máscara. Mas não existe falta de fiscalização — afirma.
Além disso, Keite destacou o fato de que não há um outro local no qual as pessoas possam beber, já que o estabelecimento tem um ambiente único onde há a pista de dança, sem divisores, e o fumódromo. Em relação ao distanciamento, afirmou que não seria possível ordenar os locais nos quais os clientes devem ficar, mesmo que contratasse mais seguranças para cuidar do caso.
— O setor de eventos ficou mais ou menos um ano e meio parado, a gente ficou com a casa fechada, a gente não pode trabalhar. Uma coisa que eu posso garantir: o que a gente mais quer é que a casa se mantenha para que a gente consiga trabalhar e a gente tá cobrando isso, a gente tá cobrando dos clientes, mas tem coisa que foge um pouco da nossa alçada, porque aí estamos tratando com com pessoas, principalmente pessoas que já estão sob efeito do álcool. É um empenho diário — finaliza.
Passaporte vacinal
Em 30 de setembro, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, anunciou a ampliação de público em estádios de futebol, eventos sociais e feiras, bem como a retomada das casas noturnas, uma medida que passou a valer a partir de 1º de outubro. Uma das grandes novidades foi a exigência do comprovante de vacinação conforme o calendário de imunização divulgado pelo governo.
Confira as regras para as pistas de dança:
- É necessário observar protocolos gerais obrigatórios, como do uso adequado e permanente de máscara e distanciamento interpessoal mínimo de um metro
- Vedada a permanência de clientes em pé durante o consumo de alimentos ou bebidas, inclusive em pista de dança
- Apresentação de comprovante de vacinação oficial (Conecte SUS, caderneta ou cartão de vacinação recebido no dia) de acordo com calendário de vacinação estadual para público e trabalhadores
- Realização do evento e autorização, conforme número de pessoas (trabalhadores e público) presentes ao mesmo tempo:
• até 400 pessoas: sem necessidade de autorização;
• de 401 a 800 pessoas: autorização do município sede, testagem de identificação do antígeno para trabalhadores/colaboradores e público.