No final de cada episódio de A Ciência Como Ela É – A Saga de Carlota, série de podcast ficcional que estreia nesta segunda-feira (8/3), a narradora Ilana Kaplan avisa: "Lembrem-se: qualquer semelhança com fatos ou personagens da vida real não é mera coincidência".
Com 10 episódios, o audiodrama estará disponível semanalmente em plataformas de streaming como Spotify e Google Podcast – a relação completa pode ser conferida no site do projeto. A série conta a história de Carlota, interpretada por Mel Lisboa, uma professora de Física que enfrenta diversos embates para ser uma cientista.
Contando com nomes como Fafy Siqueira e Nany People no elenco, a trama utiliza um formato que remete à radionovela para trazer dados de estudos científicos sobre a baixa representatividade de mulheres na ciência, além de discutir a importância e as vantagens da diversidade na área. O tema também propõe debates sobre machismo, diversidade e assédios sexual e moral. As informações apresentadas podem ser conferidas no referencial bibliográfico que consta no site do trabalho, que tem financiamento do Instituto Serrapilheira.
O projeto teve início como uma peça teatral, em 2017. A montagem A Ciência como Ela É foi criada por Carolina Brito e Márcia Barbosa, professoras do Instituto de Física da UFRGS e doutoras pesquisadoras sobre as questões de gênero na ciência. Para ilustrar as dificuldades enfrentadas por todas as cientistas, elas criaram personagens.
— Fazíamos pequenos esquetes sobre estereótipos de gênero. Intercalávamos com bate-papo falando sobre dados científicos do projeto. As pessoas gostavam do formato e absorviam a informação. Acabamos trabalhando com isso dentro da academia e levando para congressos — conta Carolina, que é autora, roteirista e produtora-geral da série.
Também estão no time de produção Márcia (autora e roteirista), Cristina Bonorino (roteirista-chefe), Jeferson J. Arenzon (roteirista e coprodutor) e Ricardo Severo (roteirista, diretor de elenco, produtor musical e editor de som e áudio).
Com a experiência em podcasts – em especial Fronteiras da Ciência, produzido por Arenzon –, surgiu a ideia da radionovela. Para o projeto, coube a Severo recrutar atores e atrizes.
Mel destaca que Márcia e Cristina são mulheres que venceram barreiras em um meio majoritariamente masculino. Consequentemente, A Saga de Carlota se torna também a história de muitas.
— Sabemos das dificuldades que temos para enfrentar um mundo machista. É preciso provar o tempo todo que a mulher pode ocupar o espaço. Há muito apagamento do trabalho e das ações das mulheres, e esse tipo de comportamento se repete em todas as camadas da sociedade.
Segundo Carolina, todas as histórias registradas na série são verídicas – aconteceram com as roteiristas ou com alguma conhecida, em um mosaico de vivências. O que vai ao encontro do aviso no final de cada episódio, como ressalta a cientista:
— Realmente, não é mera coincidência.