O Carnaval de 50 dias do Rio de Janeiro começou oficialmente neste domingo (12) com as apresentações da final do concurso do Rei Momo e rainha do evento, o bloco da Favorita, com convidados como Sandra de Sá, Toni Garrido, Preta Gil e milhares foliões que compareceram à praia de Copacabana.
Os artistas foram os mais comemorados quando entraram no palco montado em frente ao Copacabana Palace. Preta Gil levou convidados, como Thaila Ayala e outras artistas, e levantou o público com "Turma do Balão Mágico". O bloco da Favorita é conhecido por receber celebridades e famosos e arrastar multidões pelas ruas do Rio.
– O nosso balão é o da diversidade e o do respeito – disse a cantora, para delírio do público.
Os moradores do Rio de Janeiro ouvidos pela reportagem aprovaram o projeto de Carnaval com 50 dias. A publicitária Camila Cury, 27 anos, espera que a iniciativa possa ajudar na infraestrutura dos eventos de rua.
– Eu gosto da iniciativa, embora, mesmo sem apoio da prefeitura, o Carnaval já estaria rolando de qualquer forma, mas espero que com este apoio a estrutura dos blocos, de limpeza e de segurança funcionem melhor, porque eu pretendo começar a celebrar desde já – disse a foliã.
O caminhoneiro Carlos Henrique do Nascimento, 51, foi para a praia de Copacabana com um cartaz que dizia "O melhor Carnaval do mundo é aqui". Ele afirmou que participa da festa todos os anos e está animado para os 50 dias de festa de 2020.
– Show de bola. Para quem gosta, agora é só aproveitar. Tem que sair cedo de casa e só voltar à noite – disse o folião, que mora em Nova Iguaçu.
Os vendedores ambulantes de Copacabana também estavam animados. Rafael da Silva, 23, que vende cervejas e refrigerantes, já viu um aumento no movimento.
– Acho que os turistas resolveram ficar. Muita gente ainda não foi embora do ano novo. Estou esperando ganhar mais dinheiro – disse o vendedor.
A Polícia Militar informou que há mais de mil policiais na segurança do evento e que não houve registro de brigas, ao menos até o início do bloco da Favorita, às 15h.
Por pouco, porém, o evento não foi cancelado. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro ajuizou na sexta (10) ação civil pública para obter medida judicial que suspendesse a apresentação do referido bloco.
O MP entendia que o evento não cumpria requisitos legais e regulamentares, o que poderia acarretar risco à segurança da população, com a previsão de 700 mil presentes no local. A Justiça negou o pedido.
Depois de ser proibido no Réveillon carioca, o Bloco da Favorita conseguiu a liberação para a abertura do Carnaval. A Polícia Militar do Rio afirmou em nota, que decidiu liberar o evento após os organizadores "atenderem às exigências estabelecidas pela Corporação, em especial, a redução do horário do evento, o recurso foi deferido".
Além da abertura oficial, o Rio de Janeiro contou com outros blocos não oficiais pela cidade. Um dos destaques seria o ensaio aberto dos tambores de Olodun, no aterro do Flamengo. No fim de semana anterior, a cidade já tinha visto várias apresentações pela cidade.
A prefeitura do Rio adotou de uma jogada de marketing ao ampliar o período oficial do Carnaval para 50 dias neste ano. A festa acaba em 1º de março e tem dezenas de blocos previstos até lá. No ano passado, contando o pré e o pós-carnaval, foram 23 dias de folia oficial.
A quantidade de desfiles previstos até o fim da folia está em mais de 540 cadastrados até agora, acima dos 498 que participaram em 2019, mas abaixo dos 608 de 2018.
A prefeitura aproveitou a estrutura montada para a festa de Réveillon para promover o Carnaval deste domingo. O prefeito Marcelo Crivella havia divulgado que, com a iniciativa, teria aumentado de 1,7 milhão para 1,9 milhão o número de visitantes. A expectativa é de que a cidade tenha R$ 4 bilhões de movimentação econômica.
Assim como o Bloco da Favorita, os chamados megablocos são uma das atrações do carnaval de 50 dias e ficarão concentrados no centro da cidade. Eles começam a desfilar em 2 de fevereiro, com Lexa.
No domingo seguinte, Claudia Leitte será a atração principal. Nos finais de semana subsequentes, são aguardados Chora Me Liga, Bloco da Preta, Bola Preta, Fervo da Ludi e Poderosas. O Monobloco fecha a lista, no dia 1 de março. São os blocos com expectativa de arrastar mais de 200 mil pessoas.
A organização do Carnaval do Rio da prefeitura carioca, que neste ano anunciou que vai disponibilizar 33 mil banheiros, 7 postos médicos, 303 ambulâncias, 858 profissionais de saúde, 475 agentes de trânsito e 1.180 garis. São investidos em média, anualmente, R$ 100 milhões.
Dentro desse valor está um aporte privado. Desde 2011, a produtora Dream Factory, por meio da Ambev, ganhou todas as licitações para bancar equipamentos públicos da festa (cerca de R$ 26 milhões por ano) em troca do direito de negociar verbas de patrocínio. O modelo foi criado na gestão de Eduardo Paes (então MDB).
Na semana que vem estão previstos mais blocos nas ruas da cidade, como o Fica Comigo, na Gávea.