RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Um vídeo que mostra o ataque à produtora do programa Porta dos Fundos é verdadeiro, mas ainda não se sabe se os autores são mesmo o grupo de extrema direita que teria reivindicado o atentado, afirmou a Polícia Civil do Rio de Janeiro nesta quinta (26).
Segundo o delegado Fábio Baruke, a gravação que mostra homens encapuzados arremessando coquetéis molotov no edifício na madrugada desta terça (24), que está circulando nas redes sociais desde quarta (25), é compatível com as imagens das câmeras de segurança do local.
O grupo que se identifica como Comando de Insurgência Popular, da Família Integralista Brasileira, que estaria no vídeo, porém, negou à polícia ter participado da ação, assim como ter gravado, editado e divulgado a gravação.
Nas imagens, um homem aparece sentado enquanto lê um manifesto que reivindica e defende o ataque contra o Porta dos Fundos. Outros dois integrantes estão atrás dele, em pé, com os braços cruzados.
Todos vestem toucas ninja e roupas verde escuro. O homem sentado se apoia sobre uma mesa, na qual uma bandeira do Império está estendida. Na parede, foi pendurada uma bandeira com o símbolo do integralismo.
O integralismo é um movimento de inspiração fascista, nacionalista e autoritária, pautado na defesa dos valores religiosos e conservadores. Seu lema é "Deus, Pátria, Família".
O atentado ocorre em meio a uma polêmica com a exibição do "Especial de Natal Porta dos Fundos: a Primeira Tentação de Cristo". O filme retrata um Jesus gay (Gregorio Duvivier), que se relaciona com o jovem Orlando (Fábio Porchat), e um Deus mentiroso (Antonio Tabet) que vive um triângulo amoroso com Maria e José.
Até a última sexta (20), já havia no país ao menos sete ações na Justiça contra o serviço de streaming Netflix, onde o conteúdo está disponível, ajuizadas por lideranças de igrejas cristãs que se sentiram ofendidas com a paródia bíblica.