Viajar no tempo e abandonar 2019 não foi uma tarefa impossível neste sábado (10), em Porto Alegre. A 2ª edição da Feira Medieval Sesc, no Sesc Protásio Alves, garantiu um dia atípico para um gaúcho desavisado. No local, eram vistos reis, princesas, magos, cavalheiros com armaduras e espadas. Parecia que um capítulo de Game of Thrones estava tomando as terras gaudérias.
— Esta feira nos tira do virtual, do celular, das telas, e traz todo mundo para a realidade, todos unidos pelo mesmo interesse. É uma chance de vivenciar a nossa fantasia — acredita o músico Caio Haag, 32 anos, um dos organizadores do evento e integrante do Bando Celta, que encerrou a programação deste primeiro dia com o neo folk característico da região europeia.
Em seu primeiro dia de evento, a feira atraiu cerca de 8 mil pessoas, de acordo com a organização. Afinal, a variedade de atividades possibilitou uma vivência completa dos tempos históricos antigos, com um pé na cultura pop. Os participantes puderam participar de oficinas de arqueirismo e swordplay, além de presenciar lutas entre guerreiros.
Segundo Haag, a inspiração para o evento vem da Europa, "que quase todos os dias tem uma feira medieval". A principal preocupação é fazer uma recuperação histórica, mas que todos possam se sentir em seus universos, desde jogos de RPG a seriados do gênero como Game of Thrones e Knightfall, que faz um recorte histórico sobre Cavaleiros Templários.
Reunião de família
A programação deste sábado teve espaço para uma visita especial. Tom Silva, ferreiro que foi o vencedor do programa Desafio Sob Fogo (atração do History Channel que desafia participantes a produzirem suas espadas, acessórios de luta e outras ferramentas de trabalho), conduziu uma oficina sobre os segredos da forja.
Outra opção foi a dança circular, em que os medievais puderam aprender os passos que têm sido utilizados por diversos povos para celebrar as fases da vida, em uma exploração do sentimento de pertencimento.
Para o professor de educação física Anderson Machado Pereira, 39 anos, as feiras medievais são sinônimo de reunião em família. Jogador de RPG há mais de 20 anos, ele tem um clã de cinco membros, entre esposa, filhos e irmãs, e já investiu cerca de R$ 1,5 mil em seu traje, que inclui uma armadura e escudo.
— Gosto muito dessa ambientação em si, com as lutas chamando a atenção e os combates que nos deixam ansiosos — explica.
Integrante da escola de esgrima histórica A Ordem do Grifo de Fogo, Jean Muksen veio de Curitiba especialmente para o evento. Ele trouxe na mala uma armadura inspirada no século 15, utilizada em torneio, que levou cerca de cinco meses para ficar pronta. Foi um investimento entre sete e oito mil reais.
— O mais legal de estar aqui é a oportunidade de vivenciar outra época, nós viajamos, é uma verdadeira história viva mesmo, ainda mais no Brasil que não valoriza esse aspecto — acredita Muksen.
A 2ª Feira Medieval Sesc continua neste domingo (11), das 11h às 20h, no Sesc Protásio Alves (Av. Protásio Alves, 6.220). A entrada é gratuita, com a sugestão da doação de 1 quilo de alimento não perecível, que será direcionado ao Programa Mesa Brasil Sesc.
