Dolly Parton, de agasalho de ginástica de lantejoulas lilás, detalhes em preto e asas de borboleta combinando, estava em um palco externo em uma manhã de sexta recente. Atrás dela, uma escultura de quase 16 metros de uma "Wildwood Tree", com 620 borboletas de acrílico.
Ela estava prestigiando o Wildwood Grove, novo espaço de 2,4 hectares do Dollywood, seu parque temático em Pigeon Forge, no Tennessee. Baseada nos "devaneios e imaginações" da infância de Parton, a expansão, que custou US$ 137 milhões, é voltada para o lazer da família, principalmente as que têm crianças pequenas ("Adolescente é bem-vindo, contanto que se comporte", diz ela, sincera).
Parton conversou com o "The New York Times" sobre a ampliação, revelou por que prefere viajar de ônibus e como o orgulho pela cidade natal pesou na decisão de abrir o parque.
P: Quais as mudanças que você nota do tempo que começou a viajar para hoje?
R: O preço da gasolina, do diesel. Comecei no show business muito nova. A gente viajava de ônibus e lembro que eu adorava as paradas nos postos na estrada por causa dos restaurantes, da comida, que era tão boa, daquelas cidadezinhas que mal apareciam no mapa.
E eu levava minha família, nas viagens, para as férias. Íamos para todos os cantos. Parávamos para comer, mas também levávamos muita comida nossa. E os travesseiros bons, aquelas coisinhas pequenas… faço isso até hoje. Mesmo quando vou para o exterior, levo meus próprios travesseiros, algumas guloseimas e uma ou outra coisa que sei que não vou conseguir achar.
P: E que tipo de guloseima gosta de levar?
R: Carne enlatada ou, mais estranho ainda, salsicha tipo Viena. E um vidrinho de pimenta Tabasco: assim, se não conseguir comer no lugar aonde formos, pelo menos me viro. Mas acho que todo mundo gosta de levar alguma coisinha que considera especial, tipo batatinha. Também gosto de levar o que preparo em casa e congelo, aí é só aquecer no ônibus mesmo. Sei me virar muito bem na estrada. Sei viajar.
P: O que gosta de fazer quando está na estrada, ler, ouvir música?
R: Adoro ler, e escrevo muito. Também é uma chance de descansar, já que estou sempre correndo, sempre ocupada. No ônibus, consigo dormir. Na verdade, durmo melhor ali do que em qualquer outro lugar. No fundo, sou uma cigana. Adoro o balanço e o cheiro de diesel.
P: Você voa com frequência?
Não gosto de gastar uma fábula, ficar pulando de lá para cá só para dizer que estou viajando de jatinho. Prefiro mil vezes meu ônibus.
DOLLY PARTON
cantora, compositora e executiva
R: Só quando realmente preciso, porque não gosto. Mas, quando estou em turnê, faz parte. Não gosto de gastar uma fábula, ficar pulando de lá para cá só para dizer que estou viajando de jatinho. Prefiro mil vezes meu ônibus.
P: Tem alguma dica boa de cuidado com a pele durante as viagens?
R: Lavo bem o rosto de manhã. Nunca se sabe se o ônibus vai quebrar, se vai ter de parar em algum hotel, se vai ter um incêndio. Então prefiro deixar a maquiagem durante a noite e fazer a limpeza de manhã.
P: Na sua opinião, qual o destaque do Wildwood Grove?
R: A área toda, mas a árvore é a grande atração. Quando os pais já estão cansados de correr com os filhos, sugiro irem para lá porque tem muito jogo, muita brincadeira legal. Dá para se refrescar, recostar um pouco, descansar os pés. Tudo foi feito pensando nos pais e filhos, em aproximar ainda mais as famílias.
P: Você testou algum dos brinquedos?
R: Não ando nos brinquedos. Nunca nem experimentei. Tenho tendência a enjoar com o movimento. Sem contar que sou meio medrosa. Tem muita coisa que posso perder, tipo a peruca, os sapatos. Não gosto de ficar desarrumada. Se for para acontecer, então que seja por causa de algum bonitão, não um brinquedo de parque temático.
P: Você já conheceu o mundo inteiro, no entanto sempre volta para sua cidade e encontra uma forma de contribuir. Fale um pouco sobre isso.
R: Acho que você deve ter orgulho de suas origens. Não saí daqui para me afastar da minha família. Queria fazer outras coisas, ver o mundo, mas sempre tive orgulho de ter nascido no interior.
Eu sabia que seria uma empreitada empresarial maravilhosa, mas também que traria alegria e felicidade para muita gente. E empregos também, e isso foi vital. Minha infância foi difícil, sei quanto é importante poder se sustentar e ter orgulho disso.
P: O pessoal ouve as suas músicas no Wildwood Grove?
R: Ah, sim, minha música toca em várias lojas. É meio que a trilha sonora – mas espero que não seja demais, a ponto de fazer alguém querer desligar o som.
Esta entrevista foi resumida e editada para efeito de clareza.
Por Tariro Mzezewa