SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Há aproximadamente um ano, a hashtag "#Beychella" tomava conta da internet. Na ocasião, Beyoncé enfim se apresentava como headliner do mais conhecido festival de música dos Estados Unidos, o Coachella. Transmitida pelo YouTube, a apresentação impressionava o resto do mundo com a performance de uma das maiores estrelas pop de sua geração.
Nesta quarta (17), esse show deu origem a duas novas obras: o disco ao vivo e o documentário "Homecoming".
O filme, lançado pela Netflix, reúne trechos da apresentação e imagens da preparação do espetáculo.
A exemplo de outros documentários da plataforma sobre astros pop --incluindo nesse grupo Anitta e Lady Gaga --, "Homecoming" não traz uma visão independente sobre Beyoncé. Pelo contrário, é ela mesma quem narra e dirige o longa, ao lado de seu frequente colaborador Ed Burke.
O documentário até apresenta depoimentos raros (afinal, ela deu pouquíssimas entrevistas nos últimos anos) e cenas de Beyoncé nos bastidores, mas não se trata de um retrato espontâneo dos momentos vulneráveis da artista.
"Homecoming" é, na verdade, a reunião de visuais esteticamente tão perfeccionistas quanto as danças altamente coordenadas e o desempenho vocal irrepreensível da artista em cima do palco.
Nas mais de duas horas de filme, a americana surge em diferentes situações durante os oito meses anteriores ao show. "Uma hora nós vamos subir no palco, mandar ver, entrar no clima e nos divertir, mas, no momento, ainda não está bom", ela diz aos mais de 150 músicos e dançarinos em um dos ensaios.
Além do período referente ao Coachella, o filme acompanha também a cantora nas semanas seguintes ao nascimento de seus filhos gêmeos, Rumi e Sir Carter, quando ela teve que perder peso para retornar aos palcos.
"Eu dançava, ia ao trailer, amamentava as crianças", conta, lembrando da dieta sem pão, carboidratos, laticínios, açúcar, carne, peixe e bebida alcoólica. "Me esforcei mais do que eu pensava ser capaz e aprendi uma lição: nunca mais chegarei a esse extremo."
As imagens do show são intercaladas com bastidores, quando a artista explica o conceito da apresentação, que faz referência às faculdades historicamente negras dos EUA (HBCUs). No palco, a banda formada por sopros e bateria lembra a cultura americana de batalha de fanfarras.
Primeira mulher negra a ser atração principal do festival, Beyoncé também homenageia nomes importantes que foram alunos dessas universidades, entre eles a ativista Marian Wright Edelman.
Considerando que eventos como o Coachella estão priorizando cada vez mais a internet, "Homecoming" exibe Beyoncé se esforçando para levar o conceito à excelência: criar um produto de streaming definitivo a partir de um show de grandes proporções.