Vai ter bolo nos quadrinhos do Batman, e não é aquela confusão metafórica tradicional, é bolo de casamento mesmo. A edição número 32 da atual revista em quadrinhos do herói, publicada esta semana nos Estados Unidos, mostra a Mulher-Gato, uma das tradicionais vilãs do personagem, com quem o herói mantém uma relação ambígua de tensão sexual e adversidade, aceitando o pedido de casamento feito por Bruce Wayne, a identidade civil do super-herói.
O pedido propriamente dito já havia sido feito em junho do ano passado, em Batman 24. Ao contrário de dar a resposta na edição seguinte, contudo, o roteirista Tom King deixou a trama em segundo plano enquanto Bruce Wayne revelava para a Mulher-Gato, Selina Kyle, a história de seu passado e um "erro terrível" que ele teria cometido, em um longo flashback que detalhou a chamada "Guerra dos Coringas e dos Charadas", um conflito aberto entre os dois vilões no qual o Batman, em início de carreira, interferiu para evitar danos colaterais à população de Gotham City.
ATENÇÃO, SPOILERS A SEGUIR:.
O "erro terrível" cometido pelo Homem-Morcego foi que, ao final do conflito, ele tentou matar o Charada, violando uma de suas principais regras como combatente do crime. O herói só não executou o inimigo devido à intervenção do Coringa. Sim, é estranho mesmo. Após ouvir todos os segredos do Batman, incluindo as partes mais sombrias, Selina disse "sim".
Um nome relativamente jovem na indústria, o roteirista Tom King já escreveu trabalhos elogiados como a série de espionagem Grayson (2014), em parceria com Tim Seeley, ou a série experimental do Visão para a Marvel, em 2016. Vale lembrar que a atual série do Batman faz parte do universo Rebirth da DC Comics, que zerou a cronologia das histórias da editora e reiniciou seus personagens com uma nova abordagem.
Criada em 1940 pelos mesmos autores do morcego, Bob Kane e Bill Finger, a Mulher-Gato apareceu já na primeira revista do herói, sendo, portanto, um dos adversários mais antigos do personagem. Ao longo das décadas, foi retratada tradicionalmente como vilã, mesmo quando se utilizava de artimanhas de sedução para ludibriar o herói (como as versões camp inimigas do Batman de Adam West anos 1960, vividas por Julie Newmar, Lee Merriwether e Eartha Kitt). A partir dos anos 1980, inspiradas pela reimaginação do Batman levada a cabo por Frank Miller em O Cavaleiro das Trevas e Ano Um, novas abordagens mostraram a personagem sob uma luz mais ambivalente, algumas vezes como ocasional aliada e muitas vezes como potencial interesse amoroso do Batman (algo seguido pelas versões cinematográficas de Tim Burton em Batman: o Retorno, de 1992, com Michelle Pfeiffer como a Mulher-Gato, e por Christopher Nolan em Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, de 2012, com Anne Hathaway)