Considerado um dos grandes compositores da nova geração do samba, Xande de Pilares assume tons nostálgicos no lançamento de Esse Menino Sou Eu (R$ 22, preço médio), o segundo disco de sua carreira solo, após a saída do Revelação, em 2014. No álbum, o sambista faz um passeio pela própria biografia em versos que falam sobre sua infância, na comunidade do Turano, no Rio de Janeiro, e até nos seus amores platônicos.
Em entrevista por telefone, do Rio, Xande revela que essa pretensão não existia, antes de gravar o CD:
– Acabou indo para esse lado. Virou uma biografia cantada, né?
Parceria
Influenciado pelo samba de raiz, ele ainda passeia pelo romantismo no disco, como na faixa A Lã e o Cobertor, na qual divide os vocais com Jorge Aragão. O pagode Homem de Lata tem parceria de Zeca Pagodinho, e Eu Sou de Jorge foi gravada com André Renato. A mistura, ele garante, não nasceu hoje, e é fruto de seu ecletismo.
– Eu sempre escutei de tudo, de tudo mesmo, até porque tinha que escutar. Na minha casa, não tinha aquela coisa de ouvir só isso ou aquilo. Minha mãe (dona Maura, que participa do disco, na faixa Mãe) era quem mandava na vitrola (risos). E sempre dizia para ouvir tudo – relata.
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Questão polêmica
Quando o assunto é uma das questões que mais repercutiram na sua carreira, a saída do Revelação, Xande não tira o corpo fora. Concorda que o grupo perdeu a exposição que tinha e que ainda não se achou, já que trocou duas vezes de vocalista Almirzinho, filho de Almir Guineto chegou a integrar a banda, mas acabou saindo. Hoje, Davi, ex-Sambaí comanda os vocais.
Ao tentar explicar as dificuldades pelas quais o grupo passa para achar um nome forte depois de sua saída, ele faz uma relação interessante:
– Quando o Sombrinha saiu do Fundo de Quintal, no início dos anos 1990, entrou o Mário Sérgio, e ainda tinha o Arlindo Cruz, o Sereno, o Cleber. Eles sempre tiveram um elenco forte. Assim como os Titãs, por exemplo. Saíram Arnaldo Antunes, Nando Reis, Paulo Miklos, e eles seguem fortes. Já o Revelação, tinha só o Xande. É complicado.
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