Dois dos grandes nomes da música autoral (e original) brasileira, o gaúcho Arthur de Faria e o paulistano Mauricio Pereira voltam a dividir o palco. Desta vez, será no Instituto Ling, na noite desta quinta, a partir das 20h.
Arthur e Mauricio são amigos de longa data. Se conheceram no final dos anos 1990, quando eram responsáveis pela curadoria de um projeto cultural com edições em Porto Alegre e São Paulo – embora fossem admiradores do trabalho um do outro bem antes disso.
– O Maurício é um dos maiores letristas da geração dele, desde os tempos do Mulheres Negras e em carreira solo – comenta Arthur. – Eu sempre fico besta com tudo o que ele escreve. Tanto que, quando compomos juntos, é sempre letra dele e música minha. Talvez um dia a gente inverta isso, mas por enquanto, deixa assim (risos).
Da amizade nasceram iniciativas que seguiram o mesmo direcionamento que os dois sempre deram para suas carreiras: ousadas, experimentais, que transcendiam fronteiras. Uma delas, a Surdomundo Imposible Orchestra, fez exatamente isso, juntando a dupla com o brasileiro Caíto Marcondes, os argentinos Ignacio Varchausky e Martin Sued e os uruguaios Martin Buscaglia, Osvaldo Fattoruso e Martin Ibarburru.
Para o show desta noite, a dupla deve apresentar pelo menos cinco músicas compostas em parceria: Um Teco-Teco Amarelo em Chamas, Um Tango, Bonairense, Flaneur e Tudo Tinha Ruído. As duas primeiras, conta Arthur, já foram registradas em disco, enquanto as últimas três permanece inéditas. Também entram cinco músicas da carreira solo de Maurício, três ou quatro de Arthur e um samba ou de Noel Rosa ou de Adoniran Barbosa.
– É a primeira vez que fazemos um show tão ensaiado – brinca Arthur. – Sempre fizemos mais no improviso, então desta vez ele terá um acabamento que nunca teve. Talvez até entre alguma coisa do Mulheres Negras.
Formada nos anos 1980 por Maurício e André Abujamra, o Mulheres Negras é até hoje referência no que toca à experimentação musical. Seus dois discos, Música e Ciência (1988) e Música Serve pra Isso (1990) são citados com frequência pela nova cena da música autoral brasileiras, de nomes como Juçara Marçal e Kiko Dinucci.
– O Brasil tem tradição na canção, e ali nós quebramos os formatos habituais. Não só para inovar, mas para ter liberdade – comenta Mauricio. – E o que eu vejo na molecada de hoje é que eles tem acesso a tudo e um conhecimento técnico enorme. E não querem ser gênios, querem ser livres.
SERVIÇO
ARTHUR DE FARIA E MAURÍCIO PEREIRA
Hoje, às 20h. Classificação: livre.
Instituto Ling (João Caetano, 440). Fone: (51) 3533-5700.
O show: os músicos apresentarão músicas próprias e compostas em parceria.
Ingressos: R$ 40. Desconto de 50% para estudantes e idosos. À venda no local e pelo site institutoling.org.br.
Música
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Gustavo Brigatti
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