Em uma de suas canções mais famosas, a banda Jethro Tull canta que você nunca é velho demais para o rock'n'roll se é jovem demais para morrer. Considerando que o gênero é cada vez mais reduto de gente com idade avançada, não é surpresa que Forever Young trate o rock como lembrança afetiva para os moradores de um... asilo.
Criação do dramaturgo e diretor suíço Erik Gedeon, Forever Young ganhou versão nacional pelas mãos de Henrique Benjamin com direção de Jarbas Homem de Mello e chega a Porto Alegre neste final de semana, no Teatro do Bourbon Country. Mistura de drama com musical, o espetáculo narra o cotidiano de cinco artistas aposentados que agora vivem em uma espécie de retiro, relembrando de quando em quando o passado por meio das canções marcantes para cada um – em sua maioria, hits do rock internacional, mantidas do texto original, e inserções de standards do pop brazuca, cortesia da adaptação nacional (confira o set list abaixo).
Vanessa Gerbelli, Carmo Dalla Vecchia, Claudio Galvan, Marcos Tumura e Paula Capovilla interpretam os ex-artistas – que levam os nomes dos atores.
– É uma maneira de aproximar o público da história – comenta o diretor Jarbas Homem de Mello. – Torna mais verdadeira a caricatura que estamos apresentando.
No palco, o quinteto é acompanhado por uma enfermeira (interpretada por Marya Bravo) e um pianista que também mora por ali (Miguel Briamonte). Todos arquétipos com suas próprias histórias de vida, como o roqueiro hippie, a atriz shakesperiana, o mágico que ainda acha que pode encantar plateias com truques baratos e até o casal que se formou durante um teste.
"Envelhecer é brutal", afirma o diretor
O diretor salienta que, para além da diversão que o espetáculo proporciona, está uma reflexão sobre a processo de envelhecimento. Logo, acaba sendo interessante não apenas para quem já sente os primeiros sinais do avançar da idade.
– Envelhecer é doloroso, brutal até. Mas todo mundo chega lá se nada acontecer no caminho (risos). Então fica a pergunta: como vamos encarar isso? – pergunta Jarbas, para quem Forever Young oferece uma resposta positiva. – O público mais velho se sente representado, enquanto para os mais novos é algo lúdico, porque estão vendo ali pais, avós e tios.
As músicas
-I Love Rock'n'Roll (The Runaways)
-I Got You Babe (Sonny & Cher)
-Take Five (Dave Brubeck)-Roxanne (The Police)
-Light My Fire (The Doors)
-Drive My Car (Beatles)
-Rehab (Amy Winehouse)
-Satisfaction (Rolling Stones)
-Sweet Dreams (Eurythmics)
-My Generation (The Who)
-I Shot the Sheriff (The Wailers)
-Get Up Stand Up (Peter Tosh)
-Music (Madonna)
-Smells Like Teen Spirit (Nirvana)
-Mr. Tambourine Man (Bob Dylan)
-San Francisco (Scott McKenzie)
-Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás (Raul Seixas)
-California Dreamin' (The Mamas and The Papas)
-Hotel California (Eagles)
-Angie (Rolling Stones)
-Scarborough Fair/Canticle (Simon & Garfunkel)
-Bye Bye Love (Everly Brothers)
-Walk on the Wild Side (Lou Reed)
-Let It Be (Beatles)
-Bridge Over Troubled Water (Simon & Garfunkel)
-Do Leme ao Pontal (Tim Maia)
-Canta Brasil (Gal Costa)
-Imagine (John Lennon)
-Barbie Girl (Aqua)
-Forever Young (Alphaville)
-Can't Help Falling in Love (Elvis Presley)
-You Can Leave Your Hat On (Joe Cocker)
-I Will Survive (Gloria Gaynor)
Da época das carroças
Musical "Forever Young" discute a velhice ao som de rock
Espetáculo entra em cartaz neste final de semana em Porto Alegre
Gustavo Brigatti
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: