Morto na noite deste sábado, em Santa Cruz do Sul, onde vivia com a mulher Edna, Belchior desapareceu pela primeira vez em 2006. À época, o cantor ainda vivia com a ex-esposa Ângela Margareth Henman Belchior, na zona sul da capital paulista. Em entrevista ao Estadão, em 2016, Jorge Mello, antigo sócio e parceiro musical do artista, contou ter sido procurado por Ângela, que buscava dinheiro para pagar o convênio médico da filha do casal. Com a pensão alimentícia e o aluguel dos escritórios atrasados, Jorge orientou Ângela e a mãe do cantor a buscarem um advogado.
O caso se tornou público nacionalmente em agosto de 2009, quando o Fantástico apresentou uma reportagem noticiando que Belchior havia deixado para trás dívidas e bens, como dois carros abandonados em estacionamentos. Uma semana após a reportagem, Belchior foi localizado em San Gregorio de Polanco, no Uruguai, ao lado da mulher, Edna Assunção de Araújo. Evitou falar sobre dívidas, mas disse trabalhar em um novo disco e em traduções de suas músicas para o espanhol.
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Em julho de 2011, conhecidos de São Lourenço do Sul, interior do Estado, relataram ter socorrido financeiramente Belchior e Edna. Sem dinheiro para pagar um hotel, eles haviam tido as malas retidas.
Belchior voltou a obter repercussão na mídia em novembro de 2012, após nova reportagem do Fantástico. Dessa vez, um hotel em Artigas, cidade fronteiriça do Uruguai, acusava o cantor de ter morado lá desde julho de 2011 mas deixado de pagar as contas nove meses depois, em maio de 2012. Belchior e Edna teriam deixado para trás roupas, materiais de trabalho, um computador e uma dívida de US$ 15 mil.
Alguns dias depois, os dois foram vistos circulando pelo bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Passaram pelo Moinhos Shopping, pelo lobby do hotel Sheraton e pelo restaurante Gokan, onde buscaram refúgio de jornalistas. Deixaram o local a pé, pelos fundos, e não foram mais vistos.
Em 2013, segundo reportagem da Revista Época, a dívida da pensão com Ângela, com quem teve dois filhos, se aproximava dos R$ 300 mil. Os dois carros abandonados – um no aeroporto de Congonhas e outro em um estacionamento próximo ao seu apartamento em São Paulo – somam dívidas que ultrapassagem os R$ 270 mil.