A grande dama dos palcos brasileiros está de volta a Porto Alegre. Aos 94 anos, Bibi Ferreira apresenta-se nesta noite no Teatro do Bourbon Country interpretando músicas do repertório de quatro gigantes da canção internacional: Amália Rodrigues, Carlos Gardel, Frank Sinatra e Edith Piaf.
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O show 4X BIBI faz parte das comemorações dos 76 anos de carreira da cantora, atriz, diretora, completados no dia 28 de fevereiro – a estreia profissional da artista foi em 1941, quando o célebre ator Procópio Ferreira (1898 – 1979) apresentou ao público carioca sua filha Bibi como uma das atrações do espetáculo La Locandiera, de Goldoni. Bibi Ferreira apresenta-se acompanhada por banda e sob a regência do maestro Flávio Mendes, responsável também pelos arranjos e pela direção musical. Entre uma música e outra, a diva revela curiosidades sobre os bastidores das produções que dedicou anteriormente ao quarteto homenageado agora em conjunto por ela.
Uma das histórias é sobre a maior fadista de todos os tempos: Amália Rodrigues (1920 – 1999) declarou um dia que, se alguém fosse interpretar sua vida, seria a artista brasileira. Também pudera: a cantora portuguesa viu Bibi cantando Piaf nada menos que 14 vezes em Lisboa.
Nesse show, você interpreta músicas dos repertórios de Edith Piaf e Amália Rodrigues, duas grandes damas da canção internacional. Em sua opinião, quais seriam as principais semelhanças e diferenças entre essas divas?
Penso que, quando falamos de artistas do quilate de Amália e Piaf, estamos falando de artistas muito plenos, inteiros, únicos. As duas souberam, Amália com os fados e Piaf com o rico cancioneiro francês, cantar e representar seu povo. E artistas assim, tão gigantes, assemelham-se pelo grande talento e diferenciam-se pela personalidade como intérprete. No show, acho interessante comentar, tanto Amália quanto Piaf, assim como Gardel e Sinatra, também eram atores. E é esse perfil do ator que há em todos que me coloca tão perto deles.
O repertório inclui apenas canções internacionais. Qual compositor ou artista brasileiro você homenagearia em um show parecido com esse?
O 4X BIBI tem o repertório internacional, embora todas as canções sejam populares aqui no Brasil. Mesmo assim, no bis canto Gota D'Água, do Chico Buarque. E em todos os outros espetáculos, cujos roteiros são mais variados, sempre canto coisas que tenho vontade e compositores que gosto muito. Sempre canto Caymmi, Tom, Vinicius, Sergio Ricardo, Noel Rosa, por exemplo.
Há algum personagem ou peça que você gostaria de fazer e que ainda não conseguiu levar ao palco?
Fiz muitas coisas e sempre dei o meu melhor para fazer tudo. Tudo que fiz, estava inteira, plena. Entrega total. Nestes últimos anos, optei por criar espetáculos variados, com histórias de artistas ou da minha carreira, com repertório diverso. Posso cantar muitas coisas, muitos compositores e ritmos.
Nos atuais tempos conturbados que vivemos no Brasil, a classe artística tem sido alvo de muitos que a desqualificam, acusando-a de ser sustentada por incentivos públicos, entre outros ataques. Como você vê a situação hoje dos artistas – e do país em geral – em comparação com o que você já testemunhou em outros tempos?
Não saberia opinar sobre as políticas públicas e a Lei Rouanet, mas não acho que seja fácil para ninguém. É difícil montar um espetáculo, viajar, manter uma equipe unida, saber que muitas famílias vivem de um único espetáculo. Não vejo amigos artistas falando de conseguirem as coisas de forma fácil, pelo contrário, vejo todo mundo reclamando. Falando de crise e dificuldades. Hoje está bem pior que outros momentos. Não me parece haver uma visão artística sobre o nosso setor.
Você está sempre cheia de projetos. Quais são seus próximos trabalhos – como atriz, cantora e diretora?
Sigo com meus shows. No momento, estamos em turnê com o Sinatra (espetáculo dedicado ao repertório do cantor) e o 4X BIBI. Estou ensaiando um novo espetáculo, para estrear no segundo semestre. Volto para o repertório brasileiro e faço uma homenagem às mulheres. Em maio sai o DVD que gravei ao vivo em Belo Horizonte, com a Sinfônica de Minas, o Bibi – Histórias e Canções.
O repertório do show:
Amália Rodrigues
Fadinho Serrano
Povo que Lavas no Rio
Carlos Gardel
Esta Noche me Emborracho
Cuesta Abajo
Frank Sinatra
That’s Life
Baladas românticas
All the Way
The Lady Is a Tramp
Edith Piaf
Milord
L’Accordéoniste
À quoi Ça Sert l’Amour
Non, Je Ne Regrette Rien
Hymne à l’Amour
Bis
New York, New York
Bibi Ferreira em 4x Bibi
Quinta-feira, às 21h.
Classificação: livre. Duração: 90 minutos.
Teatro do Bourbon Country (Túlio de Rose, 80, 2º andar).
Ingressos: de R$ 120 a R$ 220 (há setores esgotados). Há desconto de 10% para sócios do Clube do Assinante.